UM TÍTULO INESQUECÍVEL
Meus caros amigos, em 1970 o
Brasil vivia uma das fases mais ferozes da ditadura militar, quando
conquistamos a Copa do Mundo do México. Apesar das contestações dos teóricos
esquerdistas, o povo foi às ruas e vibrou, referendando a conquista.
Naquela época, embora já
movimentasse milhões e atingisse milhares de pessoas em todo o planeta, haja
vista que foi a primeira copa transmitida via satélite para os países
periféricos ao Primeiro Mundo, o evento ainda não se inscrevera no rol da
indústria do entretenimento. Ganhar era uma circunstância e o importante ainda
era competir. Era o chamado fairplay.
Mas, para alguns, o futebol era
um dos ópios do povo, e utilizado, aqui no Brasil, pela ditadura militar para
encobrir a sua violência repressiva e manter o regime de exceção. Consta, por
exemplo, que o presidente Emílio Garrastazzu Médici influiu diretamente na
convocação dos jogadores, impondo até a nome de Dario Peito-de-Aço, na época
jogando no Atlético Mineiro, entre os jogadores convocados. Consta, também, e
essa história seria depois desmentida pelo próprio treinador, de que João
Saldanha teria sido afastado da direção técnica da seleção brasileira por conta
da sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro.
O certo é que Zagallo assumiria o
posto de técnico depois de Saldanha ter comandado o time durante as
eliminatórias e ter classificado a nossa seleção com méritos. Com a mudança do
treinador, mudaram também os jogadores convocados e o esquema de jogo, ficando
para trás o convencional 4-2-4 de Saldanha, com Edu na ponta-esquerda, e
entrando em cena o então inovador 4-4-3 de Zagallo, com Rivellino improvisado
na esquerda como um falso ponta.
Na verdade, era o time de craques
e as improvisações tiveram de acontecer para acomodar tantos bons jogadores em
uma mesma equipe. Além de Rivellino na ponta-esquerda, Piaza improvisado como
quarto-zagueiro e Tostão no comando do ataque. Os craques, com certeza,
supriram as deficiências dos menos dotados tecnicamente, como o goleiro Félix e
e zagueiro Brito. Consta até que, na verdade, a seleção era mesmo comandada
dentro de campo por Pele é Gérson, embora Zagallo estivesse no banco de
reservas ao lado de toda a comissão técnica.
No ataque, Pelé e Jairzinho
complementavam a máquina mortífera de fazer gols. Em seis jogos, foram 19 gols
marcados, superando a média de 3 gols por partida. Destaque ainda para os
laterais Carlos Alberto Torres, Marco Antônio e Everaldo, além de Clodoaldo
como cabeça de área.
Entre os reservas, jogadores de
alto nível como o goleiro Leão e o meio-campista Paulo César Cajú.
Não é a toa que ainda hoje essa
seleção brasileira de futebol seja considerada a melhor de todos os tempos
entre os torcedores brasileiros e a crônica especializada.
Recife, 2013
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