CENA 1
Sem tirar os olhos do computador, a colega perguntou
ao colega ao lado, que também estava com os olhos grudados no monitor:
-- É impretero ou impreiteiro?
-- Impreiteiro, com i
depois do primeiro e.
-- Droga! Vou ter que corrigir esse documento.
Escreveram empreiteiro. Haja saco. Fazem a coisa errada e depois a gente
tem de corrigir. Custa perguntar, se não sabe?
CENA 2
O chefe ignorante chegou, como chegava todos os dias
– com pompas e circunstâncias e a falta de educação desde sempre cultivada. Foi
logo informado do entrevero da véspera. Disparou um e-mail para o gerente:
-- O que ouve?
Puta velha, o gerente tripudiou da ignorância
arrogante:
-- Não ouço nada.
CENA 3
E a disputa acirrada, quase irracional, do bilhar
extrapolou: atropelou a gramática, ferrou a regência, jogou o pai dos burros no
lixo.
-- Animal, analfabeto: não se fala “nóis
fumo”;
o certo é “nóis fomo”. Tô errado, doutor? – quis saber o mais ignorante e
grandalhão dele, do intelectual da redondeza, único que fazia todos os dias
palavras cruzadas na Vila Invernada. Quase sábio.
-- Os dois estão certos. A língua é um ente
dinâmico, se me entendem. Os dois estão certos.
O cruzadista mais não disse. E pegou o caminho da
roça. Homem prudente.
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