terça-feira, 14 de agosto de 2018

LÍNGUA AFIADA: ROBERTO CAMPOS

FOTO: VEJA.ABRIL.COM.BR

Brasília é uma usina de déficits e um bazar de ilusões.

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Fui um bom profeta, pelo menos melhor que Marx. 
Ele previra o colapso do capitalismo; 
eu previ o contrário: o fracasso do socialismo.

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Talvez eu tenha tido os deslizes a que tinha direito
 porque passei toda a juventude em absoluta castidade, 
num seminário. 
De modo que acumulei um grande direito de pecar. 
Usei moderadamente o direito de pecar por falta de cooperação.

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Todo conselho é bom, desde que a gente 
não seja obrigado a aceitá-lo.

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A diplomacia é a arte de ver “antes”, 
não necessariamente de ver “mais”. 
E nunca ver “demais”.

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O único crepúsculo bonito é o da natureza. 
O dos deuses é uma tragédia. 
O dos homens, uma chatice...

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A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor.

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O telefone celular faz mal para a masculinidade: 
é cada vez menor, anda sempre dobrado, 
cai a ligação várias vezes e não funciona quando entra no túnel.

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A diplomacia é como um filme pornográfico: 
é melhor participar que assistir.

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Estatização no Brasil é como mamilo de homem: 
não é útil nem ornamental.

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Em nenhum momento consegui a grandeza. 
Em todos procurei escapar da mediocridade.




Roberto Campos (1917-2001) foi 
economista, diplomata, ministro, senador, 
deputado federal, polemista e acadêmico

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