quarta-feira, 29 de março de 2017

CHÁ DAS CINCO: CATULO DA PAIXÃO CEARENSE, POR ROLANDO BOLDRIN

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A FLOR DO MARACUJÁ
De Catulo da Paixão Cearense

Encontrando-me com um sertanejo 
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei: 
Diga-me caro sertanejo 
Porque razão nasce roxa 
A flor do maracujá?

Ah, pois então eu lhi conto 
A estória que ouvi contá
A razão pro que nasci roxa 
A flor do maracujá

Maracujá já foi branco 
Eu posso inté lhe ajurá
Mais branco qui caridadi 
Mais brando do que o luá

Quando a flor brotava nele 
Lá pros cunfim do sertão
Maracujá parecia 
Um ninho de argodão

Mais um dia, há muito tempo 
Num meis que inté num mi alembro 
Si foi maio, si foi junho 
Si foi janero ou dezembro

Nosso sinhô Jesus Cristo 
Foi condenado a morrer
Numa cruis crucificado 
Longe daqui como o quê

Pregaro cristo a martelo 
E ao vê tamanha crueza 
A natureza inteirinha 
Pois-se a chorá di tristeza

Chorava us campu 
As foia, as ribera 
Sabiá também chorava 
Nos gaio a laranjera

E havia junto da cruis 
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pé de nosso sinhô

I o sangue de Jesus Cristo 
Sangui pisado de dô
Nus pé du maracujá 
Tingia todas as flor

Eis aqui seu moço
A estória que eu vi contá
A razão proque nasce roxa 
A flor do maracujá.




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CATULO DA PAIXÃO CEARENSE



Catulo da Paixão Cearense (1863-1943) nasceu em São Luis do Maranhão. Dos 10 aos 17 anos morou no Ceará. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1886. Trabalhou no cais do porto como estivador e escriturário. No começo do século ja tinha fama como poeta e autor de diversos livros de modinha. Com Catulo, o violão desprezado e perseguido vai-se tornando conhecido e adquirindo prestigio nos salões da elite. Em 1914 a convite de Nair de Tefé toca no Catete para o presidente Hermes da Fonseca. É então reconhecido e aplaudido como o grande poeta nacional, o mais autêntico.

"Catulo é bem a voz da terra brasílica" escreve Monteiro Lobato.Tão grande quanto seu talento era sua notória vaidade. Morava em uma casa de madeira em Engenho de Dentro que chamava hiperbolicamente de Palácio Choupanal. Nele recebia visitas de grandes nomes das letras, das artes e da política, Ao falecer já tinha assistido à inauguração de seu busto e era uma indiscutível glória nacional. (fonte.www.vagalume.com.br)



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