sexta-feira, 27 de novembro de 2015

BRUNO NEGROMONTE

Márcia Tauil - Entrevista Exclusiva
A cantora, compositora e instrumentista volta para uma exclusiva e informal conversa onde apresenta as novidades em relação a sua carreira.
A mineira Márcia Tauil já conta com quinze anos de estrada em um trabalho que sempre busca trazer características bastante peculiares. Seja cantando, compondo ou executando o seu instrumento, a artista vem de modo bastante coerente apresentando-se nos mais distintos palcos brasileiros, sendo premiada em diversos festivais Brasil afora como foi possível atestar a partir da matéria "Sob o aval de grandes nomes eis um promissor talento de nossa música" recentemente publicada aqui mesmo em nosso espaço. Após interpretar canções da lavra de Robert0 Menescal, Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto em projetos especiais, Márcia atualmente vem na elaboração do seu terceiro projeto solo e, entre um compromisso e outro, a artista gentilmente concedeu um pouco do seu precioso tempo para nos presentear com esta entrevista exclusiva onde fala, dentre diversos assuntos, sobre suas reminiscências musicais, a responsabilidade de ser considerada pelo público e pela crítica como um promissor talento dentro do atual cenário da música brasileira e a sua aproximação a dois compositores recorrentes em seus projetos fonográficos: Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto. Leitura imprescindível para aqueles que amam a música brasileira pautada na tríade perfeita: talento, bom gosto e repertório impecável.
Dentro das suas reminiscências há alguma que você destacaria como determinante para a sua predileção pela música? 
Márcia Tauil - Fui ninada pelo meu pai, músico, com chorinhos. E desde menina vi e ouvi a Música acontecer em casa, devido a ele, minha mãe, pianista e violinista e meu irmão contrabaixista, violonista e tecladista.
E a questão da composição? Como se deu o seu primeiro contato com este universo? 
MT - Sempre criei muito, mas não via esse lado tão aflorado como o canto. Buscava mais o canto. Comecei compondo de brincadeira e por volta de 2000, a pianista Mana Tessari passou a trabalhar comigo e começamos a compor para FESTIVAIS, a partir daí, não parei mais. 
O chorinho é um gênero que faz parte de sua formação musical devido principalmente ao seu pai não é isso? Como você foi aglutinando os outros gêneros a sua formação musical? 
MT - Minha mãe estudou clássicos, e mesmo tendo abandonado os estudos de música, nos passou seus conhecimentos, cantando junto com meu pai, dentro de casa. Meu irmão tocava baixo numa banda com repertório Jovem Guarda e tocava violão e teclado, acompanhando cantores diversos, de repertórios variados, desde a Bossa Nova até boleros, por exemplo. Os ensaios aconteciam no quarto dele, em minha casa. E eu me interessava por todas as tendências e novidades. 
Você vem sendo reconhecida não apenas pelo público, mas principalmente pela crítica especializada como um promissor talento dentro do combalido cenário da atual música popular brasileira. Como você encara essa responsabilidade? 
MT - Eu encaro essa realidade há muitos anos, me mantendo fiel ao estilo, qualidade e repertório, e essa minha luta está sendo reconhecida. 
Não é de hoje que o mercado musical brasileiro vem mostrando-se bastante divergente. Isso atesta-se a partir de nomes como o seu, que apesar do reconhecimento do público e da crítica não tem o devido espaço em detrimento a um tipo de música efêmera. Qual a sua opinião sobre essa pseudo lógica de mercado? 
MT - Essa divergência possibilita que nomes como o meu possam se manter no mercado da boa música. Ele é mais escondido, mais restrito, mas existe. Não foram todas as pessoas atingidas pela massificação. Ainda bem que a divergência se estabeleceu. Imagina um mundo comandado apenas pelos VERMES DE OUVIDO (comprovação científica de músicas criadas para grudarem no cérebro). Mesmo com toda essa máquina voltada ao comercial, tem público ligado em trabalhos com características atemporais. Claro que é mais difícil trabalhar para menos público, com menos mídia. Dificulta, mas valoriza a estrada. 
Em 2014 você está completando quinze anos de carreira fonográfica. Qual a avaliação que você faz desse período e dos álbuns lançados? 
MT - Dentro das condições que tive de divulgação, de colocação em lojas, entrada em Mídia, posso analisar que, sendo Cds focados em qualidade e verdade, eles cumprem seu papel de me representar muito bem, até hoje, pois, mesmo sendo lançados há mais de 10 anos, assim que chegam em mãos de quem gosta e conhece MPB e sua história, sou procurada para entrevistas, e vão me abrindo mais e mais espaços. 
Como se deu a sua aproximação da produção dos compositores Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto, dois nomes que acabaram tornando-se recorrentes em sua discografia? 
MT - Sobre Costa Netto, o conheci realmente por acaso, em São Paulo, no Villaggio Café, no dia de meu aniversário, e deixei meu material em vídeo com ele, que assistiu e depois foi me ver ao vivo. Eu conhecia muito de suas canções. Fiquei feliz em conhecê-lo. Daí surgiu meu primeiro Cd, e logo depois, o segundo Cd, com a obra de Gudin em parceria com ele, quando ele levou Gudin a um show meu, para que Gudin me conhecesse. Sou muito grata a ele. 
Como compositora que você é não cogita a possibilidade de um projeto fonográfico essencialmente autoral? 
MT - Quero sim, chegar a um cd totalmente autoral. Porém, como intérprete, canto canções não compostas por mim que me tocam e emocionam. E amo fazer isso nos palcos e nos CDs. 
Seu mais recente trabalho lançado é um projeto ao lado das cantoras Cely Curado, Nathália Lima e Sandra Duailibe onde vocês prestam uma justa homenagem ao cantor, instrumentista e compositor Roberto Menescal. Como surgiu a ideia deste projeto? 
MT - Roberto Menescal é um cavalheiro e um grande incentivador de artistas. Trabalho com ele há muitos anos e recebo muito carinho, grande ajuda e maravilhosos ensinamentos. Sua obra é especial e sua colaboração para a Música Brasileira é inestimável. Pensei em homenageá-lo, falei com as cantoras, que na hora, se uniram a mim com os mesmo sentimentos de gratidão e de vontade de cantar o Mestre. Ao falarmos para ele, ele que nos presenteou participando do Cd, nos dando canções inéditas, fazendo os arranjos e tocando também. Merece sempre e muito mais! 
Você atualmente vem preparando o seu terceiro projeto solo que a princípio apresenta-se de modo bastante coerente com a sua trajetória musical a partir de nomes já conhecidos pelo seu público. Você poderia nos adiantar alguma novidade sobre este novo álbum? 
MT - As novidades são as composições próprias e a participação de Menescal, fazendo um dueto muito simpático comigo, onde fundimos uma composição dele e de Bôscoli, com outra de Maurício Einhorn e Durval Ferreira, num jogo de perguntas e respostas. Ficou muito agradável. Dessa vez, o cd sairá pela gravadora GRV e terá um projeto de lançamento bem cuidado e bonito. Pretendemos primeiro, lançar virtualmente.

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