quarta-feira, 9 de abril de 2014

PROFISSÃO: REPÓRTER – CASOS E PERIPÉCIAS

O DIA EM QUE QUINCAS SOLTOU A LÍNGUA




(POR JOAQUIM MACEDO JÚNIOR) Numa ocasião, plantão de fim de semana, fui cobrir o vestibular da Fatec, na praça da Polícia Militar. A abertura das portas era às 8 da manhã, mas eu e Claudinho “Mãozinha”, excelente operador e grande amigo, aportamos ali às 6 da matina.

Pauta tranqüila, cobertura padrão, um incidente ou outro até que seria bem-vindo, porque era aquela matéria feijão-com-arroz, mas que é de obrigação ser feita e já que é assim que seja feita como se fosse a mais importante e complexa.

Com a eficiência de sempre, Cláudio começou a tirar fios e mais fios de dentro do bagageiro do Chevette e danou-se a fazer instalação em tudo o que é lugar. Para uma matéria com aquela demanda, o rádio interno da viatura (era assim que chamávamos carro de imprensa) já daria para fazer um carnaval. Local bem posicionado, som limpo, sem picote e assim por diante.

Mas “Mãozinha” nesse dia estava com a gota. Colocou-se em condições de cobrir um acidente aéreo, a perseguição de uma ambulância a 120 km por  hora, ou um coquetel com mais de cem celebridades passíveis de serem entrevistas.

O homem subiu no poste de luz, em frente à FATEC, fez as ligações necessárias, que me propiciaram falar com microfone com fio, com microfone volante (ou seja com toda a mobilidade do mundo), além da famosa comunicação interna, que chamávamos de motorolla, porque a marca superou o nome do produto.
São 6h45 e deveria transmitir para duas emissoras: a Excelsior-AM e a Globo-AM.

E sem entrar no ar, pegando uma ou outra informação, fumando um cigarrinho, olhando o movimento.
Foi aí que a fera apareceu. Cláudio Rodrigues era um cara fechado, mas muito educado. Além de educado, também era sincero. Chamou-me para trás da viatura e disse: “Macedinho, meu querido. Você está com a motorolla em ordem; tem microfone com fio, que tem mais qualidade e tem ainda microfone volante para falar até com o comandante da PM que está ali do outro lado da rua. Macedinho, meu filho, com todo o respeito, o que é que você está esperando para entrar no ar, hein?”

Não vou comentar minha cara, pois não vale. Foi um dos mais importantes e pedagógicos momentos que tive na carreira da radialista. Obrigado, Cláudio. Daquele minuto em diante, não parei mais de falar....




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