sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

BRUNO NEGROMONTE

A crônica, a música e a poesia cosmopolita de Samuel Carnero



De família extremamente musical, Carnero faz-se um multi artista sem deixar-se perder nesta pluralidade. Como poeta, soube usar dessa aguçada sensibilidade, transformado-a em um dos ingredientes primordiais na elaboração de sua arte. Como cronista trouxe peculiaridades interessantes a partir de uma ótica leve e descontraída. E assim, imbuído dessas características, Samuel soube fundir muito bem tais elementos em sua sonoridade e agora em 2012 acabou de lançar o cd "Eu não posso parar", trabalho este que nasceu de modo independente e que vem sendo divulgado pelos canais alternativos existentes, principalmente a partir das redes sociais. No Youtube, por exemplo, o primeiro vídeo clipe já vem sendo difundido e traz como característica um lirismo quase pueril que funde-se a uma visão cosmopolita (já que retrata a ambientação na qual o artista está inserido).

Composto por onze faixas, "Eu não posso parar" trata-se de uma abordagem sonora bastante peculiar, que procura retratar em melodias conceitos e dilemas de um sujeito que tem uma relação bastante intrínseca também com as letras. Essa intimidade com versos e melodias vem de longas datas, quando Samuel Carnero no alto dos seus 3 anos ganhou do pai uma pequena vitrola. Sua lembrança mais remota vem das canções sussurradas ao seu ouvido por seu pai. Essas músicas estavam presentes em uma fita K7 e por muito tempo fez a alegria do pequeno Samuel. Não sabia seu pai que os versos escritos por Vinícius de Moraes como "Lá vem o pato pata aqui pata acolá... lá vem o pato para ver o que é que há...", assim como outros, tocariam tão fundo em seu filho e, de certo modo, transformaria a sua vida.



Também houve incentivo do lado materno, sua mãe (que também é pianista) o presentou aos 6 anos com um instrumento pra lá de exótico para muitos, mas na visão de uma criança bastante divertido. A cítara ganha juntamente com algumas partituras de músicas natalinas e infantis. Daí vieram incentivos de outros membros da família como o da tia Nely, que além de ser professora de piano clássico foi ela que propiciou o primeiro contato do artista com o violão. Esse envolvimento com a música talvez se dê devido a geração que antecede seus tios e pais, pois segundo relatos de sua avó materna é uma história que vem de sua época. Isto talvez explique a quantidade de parentes envolvido com as artes e a sua total propensão para o universo da música.


Quase todas as composições do disco ficaram a cargo do próprio cantor, com exceção de 4 faixas, que escritas a quatro mãos têm a parceria de amigos e da mãe do artista, Roseli Helena. Enquanto autor, Samuel Carnero traz em sua bagagem a apurada linhagem a qual pertence e nos apresenta temas como a irreverente "Selva de cerveja". Já o blues "A balada da Fejuca" descreve a degustação de uma bela feijoada seja na quarta-feira para retomar plenamente satisfeito ao trabalho, seja no sábado acompanhado de uma caipirinha e uma boa música. O disco continua com as românticas baladas "Habib" e "Perdão outra vez, Luciana". Já "Ideal", que vem como música escolhida para a produção do clipe, mostra como podemos "fazer a mente" de diversos modos distintos como pode-se enumerar ao assistir ao vídeo acima. A produção ainda conta com faixas como "Whispering in your ear", o country "Vitrine da alma" e o o reggae "Lírios". Além das baladas "O eterno não se desfaz" e "Eu não posso parar", faixa homônima ao título ao trabalho. O disco encerra com a faixa "Amor", poema altruísta que ganha leve melodia e retrata um artista multifacetado. Na tecitura sonora de "Eu não posso parar" encontramos nos arranjos, guitarras e violão de Ronaldo Rayol, o baixo de Eric Budney, teclados de Moisés Alves e Nahame Casseb no comando da Bateria e, além é claro, do próprio Carnero.


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