sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

HORA DA VITROLA: BETH CARVALHO

O MEU GURI

De Chico Buarque
Na interpretação de Beth Carvalho




Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Pra enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!...(3x)



OS AMIGOS DE SIMONE

De artes plásticas, também, não entendo nada. 
Não me orgulho de minha ignorância abissal, também nessa área.
Mas, leigo de tudo, sigo o instinto.
Não teço considerações, gosto do que consigo gostar. 
Comigo as coisas funcionam assim: na base da pele, do olhar. 
Gosto da arte de Simone Grecco.
Trata-se de artista de grande valor.
Deve ser (não a conheço pessoalmente) pessoa de grande qualidade também 
- coisa rara em artistas, generosos da boca pra fora,
 por pavões. 
Simone é generosa.
Divulga aqui e acolá a arte de quem também tem talento.
O que segue abaixo é uma "cata" minúscula, quase aleatória, 
do que ela publicou em sua página no FB, ao longo da semana.
Só temos a ganhar com seu talento e generosidade.
Sei que abusei do "também". 
Não foi por acaso. Também inclui.
Obrigado, Simone.
 
Foto
TRABALHO DE ANA SOBRAL

Foto: "Fado" Património Imaterial da Humanidade ... 
Poderá ser vista na Arte da Terra
TRABALHO DE ANA SOBRAL
Foto: Maravilha!
Trabalho de Adriana Fernandes
TRABALHO DE ADRIANA FERNANDES
Foto: Maravilha!
Trabalho de Adriana Fernandes
TRABALHO DE ADRIANA FERNANDES

Foto: Trabalho de Paulo Branco
TRABALHO DE PAULO BRANCO

NA LATA: NELSON RODRIGUES





A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? 
Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.

***

Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. 
Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", 
de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.

***

Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, 
há sempre alguém falando nas senhoras que traem. 
O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

***

O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. 
Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

***

Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, 
inversamente, rua Traidores da Pátria.

***
Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.

walalvesshow.blogspot.com 

Acho a velocidade um prazer de cretinos. 
Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

***
Chegou às redações a notícia da minha morte.
E os bons colegas trataram de fazer a notícia. 
Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, 
com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.

***
O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. 
Por exemplo: — um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. 
É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.

DE : Arnaldo Nogueira Júnior



BRUNO NEGROMONTE

Toni Costa apresenta as cores de sua textura sonora
Com mais de três décadas de estrada, o músico e instrumentista carioca Toni Costa é dono de um currículo invejável. Nessas décadas de carreira já acompanhou relevantes nomes do cenário musical brasileiro tais quais nomes como Nelson Gonçalves, Jussara Silveira, Moraes Moreira, Luis Melodia, Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Elba Ramalho, Sergio Sampaio, Gal Costa, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Leo Gandelman entre outros. Arranjador, compositor, instrumentista e intérprete, hoje, paralelo a carreira solo, forma um dos trios mais bem conceituados da música popular brasileira contemporânea, o grupo Moinho. Ao seu lado nessa perfeita trinca estão a percussionista Lanlan e a cantora e atriz Emanuelle Araújo, onde desde 2006 vem conquistando um público cativo a partir das irreverentes e dançantes canções. O grupo, que ao longo desses anos, vem apresentando-se tanto no Brasil quanto no exterior, já gravou dois cd's e um dvd.
Toni Costa teve os seus primeiros contatos musicais nos idos anos 70 quando deu início aos estudos de música com Léo Soares, na Escola de Música da Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, morando em Salvador passou a frequentar aulas de música nos "Seminários de Música da UFBA" (Universidade Federal da Bahia) chegando a trabalhar com o músico Walter Smetak no chamado projeto de violões afinados em microtons. Ainda na década de 70 resolveu voar mais alto e aventurou-se como estudante na Berklee College of Music (Boston/E.U.A), onde fez curso de "Arranjo", "Harmonia" e "Improvisação". Nesse período integrou diversas bandas de ritmos latinos, apresentando-se na periferia da capital de Massachusetts.
Volta ao Brasil por volta de 1980 e passa a trabalhar além de instrumentista como compositor e arranjador para inúmeros artistas e bandas brasileiras dentre os quais os nomes que foram citados anteriormente. Como compositor constam parcerias com nomes como Orlando Morais, Luis Ariston e os poetas Carlos Rennó, Antonio Risério, Chacal e Fred Góes nesses mais de 30 anos de carreira profissional dedicados a música brasileira.
Em sua biografia ainda constam arranjos para várias composições apresentadas no programa "Chico e Caetano", apresentado na década de 80 na rede Globo; trilhas sonoras para programas de Tv e cinema como por exemplo a série "Confissões de Adolescente",apresentada na Tv Cultura e dirigida por Daniel Filho; a trilha sonora para o filme "Veja Essa Canção", de Cacá Diegues, para programas do Canal Futura e para o longa-metragem "Procuradas", dirigido por José Frazão e Zeca Pires dentre outras.
Sua carreira solo teve início ainda na década de 80, quando por volta de 1989 lançou, pelo selo Retoque, o álbum "Gente da rua", O disco contou com a participação de diversos artistas, dentre os quais Léo Jaime em "Vem me dançar" (com Roberto Rodrigues); Raul Mascarenhas em "Cristais emoções" (com Cristiaan Oyens); Léo Gandelman em "Chimpanzé" (com Guilherme Maia e Zeca Barreto); Caetano Velosoe Carlinhos Brown na composição "Xangô é de Baê", de João Donato e de Gal Costa na faixa-título "Gente da rua". Nas faixas presentes no disco ainda constam as canções "O meu boi morreu" (Domínio Público), "Flecha" (com Tavinho Fialho e Carlos Rennó), "Rio Bahia" e "Radio shit", também de sua autoria.
Quase dez anos depois Toni aos estúdios para a gravação de um álbum assinado por ele. Em 1998, grava o álbum "A sorte muda", disco que conta com diversas participações especiais, dentre as quais a da cantoraCássia Eller (interpretando a faixa que dá título ao disco), Luiz Melodia em "Saudade do Rio", Toni Garrido em "Grito de guerra"; Orlando Morais em "Grunhir", parceria de ambos; Armandinho na faixa "Manaus" e a cantora mineira Jussara Silveira na composição "Lagoa", também em parceria com Orlando. a faixa "A sorte muda" (composição em parceria com Chacal), foi incluída na trilha sonora da novela "Era Uma Vez", da Rede Globo.
No ano posterior lançou o terceiro álbum intitulado "Músicas para o violão brasileiro", disco cujo a ficha técnica é constituída por diversas participações, dentre as quais, Toninho Horta (violão), Claudia Coutinho (voz) e Marcos Suzano (pandeiro). O repertório deste disco é bem abrangente, indo desdeGaroto (Voltarei), perpassando por composições próprias, indo até "Allemande suíte 996 em mi menor", de J.S.Bach.
Agora depois de mais de uma década dedicando-se a outros projetos, Toni Costa resolve voltar a fazer um registro mais intimista, expondo em cores e formas a sonoridade a qual busca ao longo de todos esses anos de carreira. Parece que a fórmula utilizada é de grande valia, pois as texturas sonoras (se assim podem ser denominadas) condizem fidedignamente com aquilo que o disco se propõe: fazer música de qualidade inquestionável sem muita preocupação.
O álbum foi batizado a partir de um quadro do artista plásticoJoão José da Costa. o quadro "Textura Colorida" além de batizar o disco também o ilustra, a colorida capa ao fundo trata-se do próprio quadro. O disco em si é composto por dez faixas que traz em sua audição um clima de total descontração e, mesmo não preocupando-se com minúcias inerentes a produção e recursos tecnológicos para "embelezar" o disco, o que resulta do produto final é de uma qualidade inquestionável.
Todas as faixas são composições do próprio Toni Costa, com exceção de "Linha Vermelha", que vem em parceria com Miguel Gandelman. Entre as faixas presentes nesse trabalho essencialmente autoral, o artista foi capaz de sintetizar de modo bastante competente a diversidade rítmica que caracteriza a música brasileira transitando por samba, pop, baião, balada, choro, jazz, fusion e bossa. Na execução dessa gama de ritmos, Toni (no comando das guitarras) escalou um time de primeira: Pedro Mazzillo (baixo e violão), Fabrício Belo(teclados), Alexandre Caldi (sax tenor) e Maurício Braga(bateria).
Desse modo, nessa aquarela rítmica genuinamente brasileira, Toni pincela a sua parcela de contribuição na perpetuação da música instrumental brasileira de qualidade, mostrando a partir de sua sonoridade contemporânea que os laços com as matrizes rítmicas de nossa música ainda é possível sem se deixar perder na linha do tempo elementos fundamentais que as caracterizam.
Segue para audição dos amigos do Blog do Lando duas canções do álbum aqui apresentado. A primeira de autoria do instrumentista chama-se "Linha vermelha", de autoria de Toni em parceria com Miguel Gandelman:
A segunda é de autoria apenas de Toni. Trata-se da canção "Baculejo":

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

SENTA, CRISTÓVÃO, SENTA!

Ernestina, companheira de décadas, foi direto ao assunto:

-- Cristóvão, a partir de hoje, você não urina mais de pé. Vai ter que sentar.

-- Por que isso agora, Ernestina?

-- Você não acerta uma no vaso.

-- O urologista me disse que, na minha idade, isso é normal.

-- Então, ele que venha limpar o banheiro.   

blogdomarcelogurgel.blogspot.com 

CHÁ DAS CINCO: MÁRIO QUINTANA

POEMAS DE AMOR


palavrastodaspalavras.wordpress.com

Amar: Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.

***


Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amar, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches de vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso.. de um gesto.. um olhar...

***

Nunca diga te amo se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.

Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti.

A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.




O TEMPO (QUE O VENTO LEVOU)


ONão deixe nada mais para amanhã.
O amanhã não existe.
O amanhã passou por aqui agora, cheio de pressa.
Não disse até logo a seu ninguém, adeus nem pensar.
O amanhã passou por aqui neste instante, esbaforido, rumo ao nunca mais.
E riu da nossa tolice. De tomá-lo por real. 


IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

O LIVREIRO E O PINTOR



Melquisedec Pastor e João Câmara
Recife/PE, 1991
Fotografia de Clóvis Campêlo



SONO DE GATO

DORMINDO NA CAIXA DE BOLACHA
Recife, 1991
Fotografia de Clóvis Campêlo



http://geleiageneral.blogspot.com.br/

NÚBIA NONATO

DESPERTA!


Quando menina questionava-me sobre o vento, o sol, a lua.
Intrigavam-me as diferenças, umas gritantes outras disfarçadas
pelo véu da cordialidade.
Incomodavam-me certas afeições, entrelaçamentos.
O peito me pesava e eu menina, apenas chorava.
Cresci, a vida foi me empurrando e acomodei-me.
Guardava apenas nos olhos o peso de uma vida que
não me vestia bem, que não me calçava bem...
Rezava o Pai Nosso e dormia, não havia mais nada a
fazer.
Permissiva me contentei com migalhas, afinal há sempre
um leque de exemplos, espelhos mil.
O tempo tentava me dar tempo, levou minha mãe, obrigou-me
a conviver num mundo com lágrimas e um enorme buraco no peito.
Minha irmã adoeceu, senti a dor na alma e o medo de não poder estender-lhe
a mão, me sacudiu.
Acordei, redescobri no sofrimento a fome e a sede.
Descortinei um pesado véu, o do comodismo.
Olhei-me com criticidade,  despi-me da ignorância.
Sempre tive medo de seguir sozinha, sempre tive medo desse
despertar...
Ainda sigo só, pois a caminhada é única e as vezes dolorosa.
Como a menina que outrora fui, ainda questiono, mas aprendi a
ouvir as respostas.
Torço para que o despertar seja contagioso, pois a alegria de viver
apenas há de se completar na eternidade.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

VAMOS, JUNTOS, ERRAR MENOS?











Foto
https://www.facebook.com/varaldobrasil

CHEGA DE BOBAGENS






DA EDITORA APED


Foto
Adicionar legenda

HORA DA VITROLA: FAGNER

REVELAÇÃO

De Clodô, Clésio e Climério Ferreira



Um dia vestido
De saudade viva
Faz ressuscitar
Casas mal vividas
Camas repartidas
Faz se revelar

Quando a gente tenta
De toda maneira
Dele se guardar
Sentimento ilhado
Morto, amordaçado

Volta a incomodar 

IMAGENS: DI CAVALCANTI


ALDEIA DE PESCADORES

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MULATA DE VESTIDO VERDE

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CINCO MOÇAS DE GUARATINGUETÁ

www.klickeducacao.com.br


OS ALERQUINS


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MULHERES COM FRUTAS
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Di Cavalcanti (1897/1976), carioca, foi pintor, ilustrador e caricaturista, desenhista. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

HORA DA VITROLA: MARTINHO DA VILA

BATUQUE NA COZINHA
De João da Baiana
Na interpretação de Martinho da Vila






Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Não moro em casa de cômodo
Não é por ter medo não
Na cozinha muita gente sempre dá em alteração

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato

Eu fui na cozinha
Pra ver uma cebola
E o branco com ciúme
De uma tal crioula

Deixei a cebola, peguei na batata
E o branco com ciúme de uma tal mulata
Peguei no balaio pra medir a farinha
E o branco com ciúme de uma tal branquinha

Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato

Mas o batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Eu fui na cozinha pra tomar um café
E o malandro tá de olho na minha mulher
Mas, comigo eu apelei pra desarmonia
E fomos direto pra delegacia
Seu comissário foi dizendo com altivez
É da casa de cômodos da tal Inês
Revistem os dois, botem no xadrez
Malandro comigo não tem vez

Mas o batuque na cozinha ...

Mas seu comissário
Eu estou com a razão
Eu não moro na casa de arrumação
Eu fui apanhar meu violão
Que estava empenhado com Salomão
Eu pago a fiança com satisfação
Mas não me bota no xadrez
Com esse malandrão
Que faltou com respeito a um cidadão
Que é Paraíba do Norte, Maranhão

Batuque na cozinha ...





HORA DA VITROLA: MARTINHO DA VILA

BATUQUE NA COZINHA
De João da Baiana
Na interpretação de Martinho da Vila






Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Não moro em casa de cômodo
Não é por ter medo não
Na cozinha muita gente sempre dá em alteração

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato

Eu fui na cozinha
Pra ver uma cebola
E o branco com ciúme
De uma tal crioula

Deixei a cebola, peguei na batata
E o branco com ciúme de uma tal mulata
Peguei no balaio pra medir a farinha
E o branco com ciúme de uma tal branquinha

Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato

Mas o batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Eu fui na cozinha pra tomar um café
E o malandro tá de olho na minha mulher
Mas, comigo eu apelei pra desarmonia
E fomos direto pra delegacia
Seu comissário foi dizendo com altivez
É da casa de cômodos da tal Inês
Revistem os dois, botem no xadrez
Malandro comigo não tem vez

Mas o batuque na cozinha ...

Mas seu comissário
Eu estou com a razão
Eu não moro na casa de arrumação
Eu fui apanhar meu violão
Que estava empenhado com Salomão
Eu pago a fiança com satisfação
Mas não me bota no xadrez
Com esse malandrão
Que faltou com respeito a um cidadão
Que é Paraíba do Norte, Maranhão

Batuque na cozinha ...





IMAGENS: SIMONE GRECCO

APERITIVO:
UM POUCO DA ARTE DE SIMONE GRECCO



Foto: Bom dia amigos!


Foto: arte digital
simone grecco

Foto: namoro
escultura em arame
simone grecco


Foto: Em Algés. Portugal.



Foto

NA LATA: STANISLAW PONTE PRETA

De Sérgio Porto (Lalau):

Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói.


***
Antes só do que muito acompanhado.
***

Sempre ouviu dizer que o homem totalmente realizado é aquele que tem um filho, planta uma árvore e escreve um livro. Tinha um filho, plantou uma árvore, o filho trepou na árvore, caiu e morreu. Só lhe restou escrever um livro sobre isso.
***



www.jornalcopacabana.com.br 
Ser imbecil é mais fácil.
***

Está dando mais do que cará no brejo.
***

O terceiro sexo já está quase em segundo. 
***

As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem são, pela ordem, bofetão de mulher e tombo de bunda no chão.
***

Nos trens suburbanos não livram a cara nem de padre, que dirá mulher de minissaia.
***
Mais monótono do que itinerário de elevador.



O “HOMEM” DA CASA

Domingo de sol, maravilhoso. Piscina limpa, comida comprada. O homem da casa saiu para comprar pães, cerveja e umas coisinhas a mais. Não se esqueceu de comprar nada. Sabedor de sua cabeça fraca, ele anotava tudo: produtos e marcas. Foi recebido, na própria casa, com espanto, em vez de festa. Todo mundo em pânico, menos o verdadeiro “homem” da casa, Nilza, bisavó, de setenta e poucos anos, criada na roça, mais prática impossível. Um rato imenso, saído sabe Deus de onde, veio do quintal, atravessou todas as fronteiras imaginárias e se instalou num dos quartos – o do casal – sob um dos criados-mudos.

E ele dali jamais sairia, se dependesse dos homens da casa. Alguém teve coragem para fechar a porta do quarto. Faltava alguém com coragem de abri-la. Ninguém se dispôs. Mas um domingo daqueles ninguém poderia, de forma alguma, perder. Um aparentado teve uma ideia: chamar o irmão, exímio atirador, um ás com espingarda de chumbinho. Foi recebido com pompas e circunstâncias, o atirador. Ele disparou vários tiros, furou a parede toda. E o rato, incólume colosso. A velha olhava aquilo tudo com indisfarçável irritação. Resolveu dar uma basta à vergonha, foi até a lavanderia, pegou o rodo e logo avisou: “Saiam da frente, frouxos!”.

aureliorauber.wordpress.com 

De nada adiantaram o muxoxos insinceros: “Não faça isso, vovó”, “A senhora não faça coisa dessas”, “Vou buscar mais munição”, dizia o atirador fracassado. “Calem a boca”. A bisavó entrou no quarto. Não gastou dois minutos para acabar com o inimigo. Abriu a porta, pediu a pá, recolheu os restos mortais do rato e os colocou num saco de lixo.

-- Há um homem aqui pra lavar o piso? Ou vou ter que fazer isso também?

Teve, todo mundo cheio de dedos e nojo. Sabem como é?

A comidinha estava boa. Boa demais. Carne macia, pãezinhos da hora, cerveja gelada. Mas que foi um dos churrascos mais envergonhados de nossas vidas foi mesmo.

   


NÚBIA NONATO

A BUNDA DE OURO





 _ Aí maluco! Corre lá no bar do Sussu e veja o cartaz que botaram lá na parede!

Lindiane correu esbaforida com as unhas penduradas que mal acabara de colar.

No bar do Sussu a euforia era grande.

_ Caraca meu! Vai ter  um concurso pra eleger a "Bunda de ouro"!

Lindiane que acabara de chegar mandou a dela:

_ Tô dentro! Tô dentro!

Leu todo o regulamento do concurso e se foi convicta.

_ Já é!

Tinha menos de um mês para se preparar. Foi para a academia, malhou o glúteo, panturrilha, peitoral e etc. Sapecou uma progressiva para dar um "up" na rebeldia dos cachos e um peeling caseiro para ficar com a pele de pêssego.

Faltava comprar a roupa exigida pelo patrocinador do concurso. Lindiane não pensou duas vezes, vendeu o galo de briga de seu avô Tarcísio e depois contou para o velho que o bicho havia sido roubado.

Finalmente o dia tão esperado chegou. Com os nervos a flor da pele, ela passou metade do dia experimentando roupas, fazendo penteados, caras e bocas.

A noite, o clube  bombou, tinha até torcida organizada.

Lindiane desfilou pelo palco absoluta, exibindo-se em sua melhor forma, as invejosas roíam-se de inveja procurando em seu corpo pequenos defeitos.

Os jurados já haviam escolhido a vencedora.

_ A vencedora do "Concurso Bunda de Ouro", ganhará um prêmio de R$500,00, um final de semana à Paquetá  com todas as despesas pagas e um guarda-roupa completo da "Cachorrona moda feminina".

As meninas estavam em cólicas de tanta apreensão.

- E a vencedora do "Concurso  Bunda de Ouro" desse ano é...Lindiane!
_ Caraca! Caraca! Foda! Foda!

Ela não cabia em si de tanta felicidade.

Recebeu a coroa, o cheque, tirou fotos e até  foi entrevistada:

_ Antes de qualquer pergunta, parabéns pela vitória.

_ Pô! Valeu cara!

_ Lindiane, como você se define?

_ Como? O quê? Eu?

_ Sim, como você se define?

_ Pô!  Assim...caraca nem acredito. Assim... eu sou filha de pastor né, da Igreja Aleluia dos Últimos Dias, Arrebata e levanta, Quem Espera sempre Alcança.

_ E...

O répórter suspirava pacientemente.

_ Ainda tô emocionada cara.

_ O que você espera da vida, agora que conquistou este título?

_ Eu? Só sei que nada sei! Há! Tem outra...ah! Penso logo existo! Há.

_ Tá pensando que eu sou só bunda né? De vez em quando a gente dá uma filosofada.

O repórter estava cansado e para encerrar a entrevista pegou pesado.

_ Você concorda com as teorias de Jung?

_ Quem? Aí! Vou logo avisando que é tudo falação das mal amadas. Quando eu saí com esse cara, ele ainda era atacante do Biribiri e tava solteiro porra!

O repórter segurou o riso e deu o seu trabalho por concluído enquanto Lindiane distribuía sorrisos e rebolava a bunda premiada.