terça-feira, 26 de novembro de 2019

QUASE HISTÓRIAS: O FILHO DAS "PUTAS"

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-- Doutor, eu estou aflito, angustiado mesmo. Pensei em dar um fim na vida.

-- O que é isso, rapaz?. O que está acontecendo?

-- Desde sempre me chamam de filho disso, de filho daquilo... Nunca dei bola. Mas, adulto, resolvi investigar.

-- E daí?

-- Daí que todos, sem exceção, me dizem que mamãe saía com todo mundo, tinha fogo inapagável, que papai sempre foi chifrudo...

-- É verdade. Conheci bem Isaura, muito bem mesmo. Ela tinha um fogo de assustar equipe do corpo de bombeiros. Mulher de valor. Fez a alegria de muita gente. A minha, inclusive. Isaura cobrava caro. Mas dava em dobro. Tenho ótimas lembranças dela.

-- Quer dizer, então, que eu sou mesmo um filho da puta?

-- Não, não. Isaura era estéril, nunca pôde ter filhos. Você foi adotado.

-- Graças a Deus. Puta merda. Que bom, que bom! Não sou um filho da puta. Fui criado por puta. Mas não sou filho da puta. Isso faz grande diferença. Que Deus a tenha. Foi boa mãe.

-- Está vendo. Ia fazer besteira à toa.  

-- O senhor conheceu minha verdadeira mãe?

-- Claro. Conheci, sim. Mas estive com a falecida e igualmente saudosa Lucinda poucas vezes. Lucinda e Isaura trabalhavam no mesmo ponto... Nunca ninguém soube quem é seu pai verdadeiro, acho que nem Lucinda. Mas isso é coisa do passado. Deixe pra lá. A vida está aí para ser vivida. Sem traumas. Aliás, se eu fosse você, aproveitava a oportunidade e me candidatava a deputado. 

(OS - Atualizado em novembro de 2019)

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