terça-feira, 12 de novembro de 2019

QUASE HISTÓRIAS: A FARRA DOS SINOS

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foto: arquivo google

O sino da igreja faz sua algazarra diária. São dezoito horas em ponto. Ele convoca os fiéis para a missa das seis com o entusiasmo típico dos pentecostais, embora esteja dependurado na torre de uma igreja católica. Deve ser da corrente carismática, o sino. Salvo engano, entusiasmo maior que o badalar das dezoito horas só aos domingos de manhã. Missa das dez. A alameda que leva à igreja ganha, então, um contingente considerável de transeuntes – homens e mulheres de fé variada, mas todos arrumadinhos. Nesse dia, Juvenal, por exemplo, toma banho, troca a roupa que usara ao longo da semana e passa fixador nos poucos fios de cabelo que ainda lhe restam. Uca só depois da cerimônia. Está certo, o Juvenal. Não tem cabimento entrar tocado na igreja. É questão de respeito, ora.

Sempre que o sino soa chamando os fiéis uma dúvida passageira me acomete. Vou, não vou? Vou, não vou?

Claro que eu não vou, nunca fui de missa. Participei de algumas, evidentemente, quase sempre meio contrariado: batizado e crisma (dos filhos e dos filhos dos amigos), casamento de colegas de repartição, missa de sétimo dia de gente que fora próxima. Eventos assim. Nem por isso desgosto de igrejas. Ao contrário. Mas só as visito fora dos horários de culto, quando estão vazias. Não consigo rezar com gente ao meu redor. Nem com cantoria. Meu pai sempre me dizia que Deus se manifesta no silêncio. Penso que ele estava certo. Nessas horas, à minha maneira, converso com Ele, arrisco um Pai Nosso entre dois sinais da cruz. 

Sei lá. Acho que Deus me entende. Até aonde me recordo, nunca me faltou. Doenças, mortes e perda de emprego fazem parte da vida, são inevitáveis. Pode ser excesso de otimismo de minha parte – vai saber –, mas penso que Ele releva essa minha falta de jeito. (OS – ATUALIZADO EM NOVEMBRO DE 2019)

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