sábado, 10 de dezembro de 2016

O REI DO CONTO

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Romualdo Bastos, como sabemos, virou quase unanimidade na Vila Invernada. Por ali, é raro encontrar quem não teça loas à sua sabedoria, forjada ao longo de anos de palavras cruzadas. A desafiar, de peito aberto e olhos nos olhos, seus conhecimentos só um: o Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, caçador de bicho do pé imaginário – problema que o atormenta desde os anos adolescentes.

Dizem as más línguas que a ira do senhor dos mares contra Romualdo Bastos teve início com a reverência quase vassala que lhe dedicam os frequentadores do bar do Carneiro. É mais que sabido que o Velho Marinheiro tem paciência zero com baba-ovos. Sua irritação, porém – é o que dizem –, adquiriu proporções inimagináveis por conta de Deolinda, que, viúva de defunto ainda quente, passou a arrastar asas e exibir as ancas para o cruzadista de óculos de lentes grossas e cara de acadêmico.

O Velho Marinheiro parece ter jurado o homem de morte – de morte intelectual, porque, apesar das bravatas, é incapaz de matar um inseto, como sabem bem os que o conhecem de perto. Sentindo-se cutucado por vara curta, o Lobo do Mar foi pesquisar o prêmio de que se gabava tanto Romualdo Bastos. Depois de semanas de inúmeros telefonemas e despesas sem fim, concluiu que o cruzadista não mentia: de fato, ele obtivera o primeiro lugar no concurso literário (categoria contos) de Carmo de Iemanjá, próspera cidade do nosso vasto Nordeste, com 2,5 mil habitantes, se tanto.

O Lobo do Mar, para sossego de seu bicho de pé imaginário, descobriu mais: apurou que, além de Romualdo Bastos, do tal concurso participara apenas outro concorrente, ou melhor, outra concorrente: Jussara Bastos, sua esposa, mulher de grande valor, mas sem fôlego para ler Caminho Suave de cabo a rabo.

Hora de colocar Romualdo Bastos em seu devido lugar. (OS - 2013)

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