terça-feira, 6 de dezembro de 2016

CHÁ DAS CINCO: GUILHERME DE ALMEIDA (HAICAI)



TRISTEZA

Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?


INFÂNCIA

Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se agora.


VELHICE

Uma folha morta.
Um galho, no céu grisalho.
Fecho a minha porta.


CARIDADE

Desfolha-se a rosa
parece até que floresce
o chão cor-de-rosa.


AQUELE DIA

Borboleta anil
que um louro alfinete de ouro
espeta em Abril


JANEIRO

Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.


PASSADO

Esse olhar ferido,
tão contra a flor que ele encontra
no livro já lido!



 Guilherme Andrade de Almeida
(Campinas, 24 de julho de 1890 — S.Paulo, 11 de julho de 1969)
advogado, jornalista, crítico de cinema, poeta, ensaísta e tradutor 



TALVEZ VOCÊ TAMBÉM GOSTE DE LER

Argemiro nunca foi aluno brilhante. Do antigo primário à faculdade, o máximo que conseguiu foi assegurar, quando muito, uma vaga no grupo dos que não cheiram nem fedem. Ou seja: um lugar no pelotão dos medíocres... 
Por Orlando Silveira, em "Argemiro foi com as outras e  se deu (quase) muito bem"
 
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2016/12/quase-historias.html#comment-form

2 comentários:

  1. Lindíssimos haicais na forma abrasileirada, criada por Guilherme de Almeida, em que o primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo verso possui uma rima interna (A 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba.) Esta rima interna parece fácil, mas não é!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Glorinha, é isso. O belo para simples de se fazer. Qual o quê, minha amiga poeta.

      Excluir