quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

QUASE HISTÓRIAS


CAMINHO DA ROÇA

Marinheiro de primeira viagem, ávido por mostrar serviço aos eleitores, colegas de bancada e, especialmente, ao chefe do Executivo – ao dono da caneta, portanto –, o deputado andava injuriado. Pressentia que estava fazendo papel de tolo. Por que só ele ia para a tribuna defender as propostas polêmicas? Por que só ele se expunha? Por que os líderes do governo e da bancada eram tão ausentes? Enquanto ele – só ele, mais ninguém! – dava a cara para bater! Ora, cobras criadas viviam em reuniões tratando de assuntos sigilosos. “Aí, tem” – dizia ele a seus botões. E tinha. Tocado por generosos tragos de uísque, uma noite, resolveu abrir o jogo com a amante:

-- Veja você: ia votar a favor daquele projeto – sabe qual, não sabe, não? Ia votar de graça, estou convencido que ele é bom, tem alcance social. Mas soube que os deputados estão levando uma baita grana das empreiteiras para aprová-lo. Agora, também quero minha parte. Fama de safado dói menos, quando se está com muito dinheiro no bolso.

-- Gostei do que acabo de ouvir, meu bebê garanhão. Você está na trilha certa. Agarradinhos, vamos longe. (OS)


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