Foto: Arquivo Google |
- Ananias, eu sei que no bar do Carneiro, mas não só aqui, muita gente me toma por arrogante. O que fazer? Nada. Ora, cada um pense o que quiser. Não ligo. Mas posso lhe garantir que não sou arrogante. Tenho apenas paciência zero com a maioria das pessoas. Acho quase impossível manter conversa com elas por mais de vinte minutos, se tanto. O que as pessoas, em geral, têm a me dizer não me interessa. A recíproca é verdadeira. Para que manter a farsa? Que fique cada um no seu quadrado. Melhor assim. Ninguém é obrigado a ouvir minhas falações, mas eu também não sou obrigado a ouvir as falações alheias. Compreende?
- Perfeitamente. Sou obrigado a deduzir que tenho
sorte: comigo – não sei o motivo – o senhor tem paciência de Jó. Há dias em que
ficamos sentados à mesma mesa por duas, três horas...
- Sabe por quê?
- Não, Velho Marinheiro. Nem imagino.
- Porque nós, Ananias, permanecemos a maior
parte do tempo em silêncio. Boas amizades são urdidas na quietude. Ser amigo
não é bisbilhotar a vida do outro, querer que o outro lhe conte o que ele não
quer contar. Há tempo para tudo: para discutir coisas sérias, para contar
piadas, para assuntar besteiras, para, eventualmente, desabafar. Mas, para que
seja, de fato, bem aproveitado, o tempo não abre mão de uma dose generosa de
silêncio. Aprendi isso com o mar. (Atualizado em março de 2019)
Chico Pança resolveu cutucar a fera com varinha de condão...
Ferrou-se. Por Orlando Silveira
https://orlandosilveira1956.blogspot.com/2019/03/coxinha-nao-jurubeba-quer-pinga.html#comment-form
***
Leia também
Chico Pança resolveu cutucar a fera com varinha de condão...
Ferrou-se. Por Orlando Silveira
https://orlandosilveira1956.blogspot.com/2019/03/coxinha-nao-jurubeba-quer-pinga.html#comment-form
Lindo !!
ResponderExcluirEntender o mar...
Delicioso texto!
ResponderExcluirAmo o mar...
Silêncio compartilhado, por que não?
ResponderExcluir