NETO |
REENCONTRO
Estou
rodeado de mortos.
Defuntos
caminham comigo na saída do cinema.
São
muitos,
sinto
a presença ativa das magnólias
queimando
em seu próprio aroma.
Os
mortos acomodam-se a meu lado
como
numa fotografia.
Ajeitam
o paletó, a gola da blusa
e
parecem alegres.
São
gente amiga
com
saudade de mim
(suponho)
e
que voltam de momentos intensamente vividos.
Tentam
falar e falta-lhes a voz,
tentam
abraçar-me
e
os braços se diluem no abraço.
Fitam-me
nos olhos cheios de afeto.
Ah
quanto tempo perdemos,
quanta
desnecessária discórdia,
penso
pensar.
É
isto que me parecem dizer seus pálidos rostos
neste
entardecer de janeiro.
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