terça-feira, 19 de janeiro de 2016

QUASE HISTÓRIAS


A VOLTA

Não é especialista em Cecília Meireles, mas gosta muito de alguns de seus poemas, em especial daquele, Lua adversa, que traz os seguintes versos: “Tenho fases como a lua, fases de andar escondida, fases de vir para a rua...” Identifica-se com isso. No dia em que conheceu esses versos, disse para si mesma: “Sou eu”.

Está na fase “de andar escondida”. Aproveita o tempo para ler, ouvir música, assistir a seus filmes prediletos, escrever algumas coisas. Pouco sai de casa. De pronto – ainda que polidamente –, dispensa convites para quaisquer tipos de eventos sociais. Mais de duas pessoas reunidas lhe parecem multidão. E, nesses tempos, tudo o que ela não quer é multidão.

Fica irritada quando não entendem seu querer, quando querem arrancá-la de casa à força. Que diabos! Quem ama não coage, quem ama respeita as fases da lua! Não compreendem que ficar sozinha não é necessariamente sinônimo de depressão?

Nessas fases “de andar escondida”, apenas uma pergunta a atormenta: “Quando virá novamente a fase de ir para a rua?” (OS)



Um comentário: