terça-feira, 26 de janeiro de 2016

CLÓVIS CAMPÊLO


"CENTREFÓ" DE ARMAÇÃO


Aramis Trindade nasceu no bairro de São José, no Recife, oriundo de uma família de jornalistas. O seu avô, Francisco Trindade, atuou no jornal recifense "A Província". Seu tio, Djalma Trindade, foi redator do jornal "A Noite". Seu pai, Aristófanes Trindade, trabalhou na “Folha da Manhã”, no “Jornal Pequeno” e no “Diário de Pernambuco”, entre outros. Consta que foi ele, Aristófanes, que, na década de 30, que levou Tará, segundo os estudiosos do assunto, o maior jogador que já passou pelo futebol pernambucano, para jogar no Santa Cruz. Seu irmão, Bóris Trindade, trabalhou na “Folha da Manhã”, “Jornal do Commercio”, “Correio do Povo” e “Diário de Pernambuco”.

No jornalismo pernambucano, Aramis marcou época, destacando-se sobretudo na área esportiva. Em 1946, aos 16 anos, começou na “Folha da Manhã” e não mais parou. Criador de tipos e bordões espirituosos, consta que foi ele que batizou o Santa Cruz com o nome de Repúblicas Independentes do Arruda, embora outros pesquisadores afirmem que a denominação foi criada pelo falecido jornalista Júlio José, na década de 70, quando o Santa Cruz mantinha-se hegemônico no futebol pernambucano e aumentava de forma positiva o seu patrimônio material.

Em 1958, Aramis formou-se em advogado pela Faculdade de Direito do Recife. Bacharel feito, aos poucos foi trocando o jornalismo pela advocacia, destacando-se na área trabalhista.

Faleceu em no dia 8 de junho de 2004, aos 74 anos, vítima de um enfarte. Segundo o Diário de Pernambuco, o seu caixão foi enrolado com a bandeira do Santa Cruz, clube ao qual a família Trindade sempre esteve ligada ao longo dos anos.

Em 1987, Aramis lançou o livro "Centrefó" de Armação, contando casos e fatos relacionados com o futebol pernambucano, notadamente ao Santa Cruz Futebol Clube.

Na crônica que dá nome ao livro, Aramis conta a história do atacante Zezinho, contratado pelo dirigente coral Benjamim Vanstein ao Santos de São Paulo.
Com o seu estilo crítico e irônica, Aramis mostra como, na época, década de 60, era comum os dirigentes pernambucanos serem ludibriados pelos clubes do sudeste, quase sempre nos empurrando verdadeiros pernas-de-pau como jogadores de categoria.


CLÓVIS CAMPÊLO



Ao saberem que o dirigente tricolor estava em São Paulo para contratar um grande atacante, os jogadores santista resolveram ajudar Zezinho, que se encontrava encostado no clube.
Deixaram Zezinho arrasar no treino, marcando cinco tentos e impressionando vivamente o cartola pernambucano.

Sob grande expectativa, Zezinho chegou ao Recife e foi escalado para estrear num clássico contra o Naútico. Jogo iniciado e nada de Zezinho entrar na área para mostrar as suas qualidades de centro-avante rompedor. Impaciente, o treinador indaga ao jogador:

- "Ô Zezinho, que diabo de centrefó é você? O pau tá comendo na frente e você aqui na linha média, como se fosse meia?

Cínico, Zezinho responde: - "Ô mestre, sou centrefó de armação..."



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