sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

BRUNO NEGROMONTE

Que se voltem novamente os holofotes
Nome presente em diversas trilhas sonoras das dramaturgias nacionais ao longo dos anos 1990, Edmon Costa tenta retomar o espaço alcançado a duas décadas atrás
Há quem julgue a década de 1990 como uma década perdida dentro da música popular brasileira devido à enxurrada de produtos comercialmente descartáveis com que as grandes gravadoras preenchiam as prateleiras as seções de cd's das grandes lojas de departamento Brasil afora. Diferente das décadas anteriores onde a música produzida pelos artistas em evidências faziam-se, por suas qualidades, perenes; a grande maioria da sonoridade tão executada e propagada na última década do século XX não tinha fôlego para resistir (raras as exceções) por mais que alguns semestres. No entanto, pode-se dizer quem nem tudo foi perdido. Expressivos nomes surgiram nessa leva. Uns permanecem ainda hoje escrevendo a história da música de qualidade como é o caso de nomes como Chico César, Zeca Baleiro e até mesmo Lenine, que apesar de alguns projetos fonográficos na década anterior só a partir dos anos de 1990 firmou-se como cantor e compositor. Outros nomes, apesar do talento, não tiveram a mesma sorte. Acabaram sem chance ao passar pelo clivo de uma industria cultural tacanha que leva em consideração ao avaliar determinados trabalhos características que atendem mais a expectativa do mercado do que necessariamente dos amante da boa música como é o caso do artista aqui em questão: Edmon Costa, cantor que ao longo dos anos de 1990 teve seu trabalho conhecido pelo grande público a partir da Rede Globo nas trilhas sonoras de suas novelas. De 1991 à 1994, o músico teve seu nome inserido em diversos folhetins, dentre os quais “O dono do mundo” (1991), “Olho no olho” (1993), “Quatro por quatro” (1994) e “Cara e coroa” (1995). Além dessa façanha, Edmon também chegou a participar de outros programas da grade da emissora carioca, a exemplo do extinto "Planeta Xuxa" e do show anual "Criança Esperança". Vale ressaltar ainda a sua participação no coral que cantou junto com Stevie Wonder em um a das apresentações do músico americano aqui em nosso país ainda nos anos 90.
Com essa bagagem e talento é de se estranhar a ausência do Edmon Costa na crista da onda de nossa música popular brasileira. O que consequentemente acaba gerando uma incoerência no cenário musical nacional, uma vez que atesta-se de modo veemente que não basta o talento e é preciso algo mais que o sucesso momentâneo para manter-se em evidência. Nascido no Rio de Janeiro em meio ao universo protestante, o pequeno Edmon teve seu destino traçado de modo semelhante a alguns dos grandes nomes do soul mundial. Rapidamente inserido neste cenário, o futuro cantor logo estava dando os seus primeiros passos na música cantando em coros gospeis. Daí em diante foi galgando espaços cada vez mais significativos a partir de trabalhos diversos, dentre os quais a sua participação em bandas como Fanzinee Sindicato do Soul. Na década de 1990 surge a oportunidade de gravar o seu primeiro álbum solo via Sony Music. O destaque deste debute fonográfico foi a canção "Coração de gelo", faixa também presente na novela "O dono do Mundo" como tema do personagem Herculano, interpretado pelo ator Stênio Garcia. Já o seu segundo disco saiu pela Polygram tendo como grande destaque para duas canções: "Toda Noite" e "Tocar você", a primeira tema musical presente em "Olho no olho", teledramaturgia global exibida às 19 horas de 6 de setembro de 1993 à 8 de abril de 1994; já a segunda foi escolhida como a canção tema de abertura da novela "Cara ou coroa", outra produção da Rede Globo exibida no horário das 19 horas entre outubro de 1994 e julho do ano seguinte. De lá pra cá chegaram ao mercado mais três álbuns contendo a assinatura de Edmon e que reforçam o seu talento a partir da escolha de um seleto repertório que abrande alguns dos maiores da música.
Recentemente, em busca de uma nova oportunidade de levar a sua música ao público de norte ao sul do país, o o artista subiu ao palco do “The voice Brasil” cantando a clássica “Samba de verão”, de autoria dos irmãos Marcos e Paulo Sergio Valle. A partir de uma peculiar interpretação conseguiu chamar a atenção de dois dos quatro jurados participantes. Edmon conseguiu “virar a cadeira” de Lulu Santos e Claudia Leitte. Sem contar o baiano Carlinhos Brown, que arrependeu-se de não ter virado a sua cadeira para o artista carioca: “Eu me arrependi. É uma das vozes mais surpreendentes”. Apesar de não lograr êxito na edição a qual participou a presença do artista carioca no programa acabou tornando-o lembrado novamente e isso, é claro, acaba por gerar novas possibilidades abrindo-o portas que acabaram fechando-se nos últimos anos devido justamente a essa falta de oportunidade e abrangência.
Atualmente o artista vem apresentando o show “Do samba ao soul”, onde atende aos mais distintos gostos musicais procurando pautar-se sempre na coerência e qualidade das canções escolhidas. Com um repertório que abrange nomes de destaque dentro da música nacional e internacional, o artista carioca vem mostrando toda a sua versatilidade, sensibilidade e talento a partir de um repertório bastante diversificado que busca apresentar nomes como o dos grupos Brilho (“Noite do prazer”) e Banda Black Rio (“Maria Fumaça”); Cassiano (“Coleção”), Djavan (“Flor de lís” e “Samurai”), Stevie Wonder (“Superstition”) entre outros destaques do samba e do soul. Mesmo não tendo levado o título da edição a qual participou, Edmon pode considerar-se um vitorioso por ter tido a oportunidade de voltar à mídia assim como também aos olhos dos saudosos fãs que não o viam há tempos. Esta nova chance também possibilitou ao seu trabalho a oportunidade de chegar ao conhecimento das novas gerações, plantando através do seu talento a tal semente que corre-se o risco de brotar a qualquer momento. Sem sombra de dúvidas voltar a mídia através de um programa televisivo que tem uma média de audiência entre 17 e 22 pontos (a julgar pela última temporada) renova a esperança de Edmon Sebastião Silva Costa ou simplesmente Edmon Costa de reviver os áureos tempos vividos no início dos anos de 1990 onde sua voz e talento abarcava os mais distintos corações de norte ao sul do país.
Aos saudosista leitores amigos deixo aqui para audição uma das canções gravadas por Edmon Costa ao longo dos anos de 1990 e que fez parte da trilha sonora da novela "Quatro por Quatro", trata-se da canção "Se eu me apaixonar":

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