sexta-feira, 17 de abril de 2015

MANCHETE DO TICO-TICO, UMA ODE À BELEZA DA FAUNA, DA FLORA E DOS COSTUMES NACIONAIS
o cantor, compositor, arte-educador e instrumentista Victor Batista apresenta disco inspirado na rica biodiversidade brasileira
Nos mais recônditos rincões do nosso país existem belezas diversas que só são observadas por aqueles que voltam seu olhar para a parte de dentro do Brasil e permitem-se observar tais cores e paisagens. Longe da selva de pedras dos grandes centros urbanos onde a natureza trava uma luta diária com a poluição, o interior do nosso país guarda riquezas diversas que expressam-se dos mais variados modos existentes. É nessa região que nossa fauna e flora permitem-se exibir um colorido estonteantemente atípico a partir de bucólicas e simplórias veredas, onde cada um dos mais ínfimos detalhes precisam ser observados e captados pela sensível lente da poesia e vindo a servir não apenas como inspiração para as mais diversas e originais manifestações artísticas neste rico e inspirador cenário, mas também como afirmação de nossa identidade a partir das mais genuínas raízes culturais. Na expressão desses valores muitos artistas acabam por abarcar de corpo e alma neste contexto e, munidos da sensibilidade que se é exigida, conseguem através de uma perspicácia ímpar traduzir tudo isso em letras, poesias e canções. Alguns nomes destacam-se neste contexto e acabam por tornar-se referência como é o caso deste artista nascido em Belo Horizonte que deu início a sua carreira em 1991 com os grupos Pára folclóricos Congá e Sarandeiros, ambos da UFMG e com o grupo musical Minadouro. Cantor, compositor, violeiro, pesquisador da cultura popular e contador de estórias, Victor Batista traz em sua bagagem diversas experiências para contar ao longo das mais de duas décadas dedicadas à música. Apesar do Curso técnica Vocal - Canto Lírico pela UEMG foi na viola que realizou-se e hoje traz no currículo, dentre outras vivências, a participação em diversos projetos, dentre os quais a participação na Orquestra Mineira de Viola e a produção e participação em vários projetos culturais pelo Brasil e exterior com os Grupos Quinteto Popular e Camerata Caipira. 
Atualmente radicado em Pirenópolis (GO) e com três álbuns lançados (o primeiro intitulado "Além da Serra do Curral" e lançado em 2004), Batista exerce inúmeras atividades voltadas para a música, dentre as quais um excelente trabalho como arte educador para crianças como iniciador à flauta doce; além de lecionar a viola caipira e o violão para jovens e adultos e vem procurando ao longo de sua carreira não deter-se a estigmas e rótulos, procurando compreender a essência da música brasileira de um modo bastante contemporâneo a partir dos mais variados temas, dentre eles as questões ecológicas. Pelo Brasil já este presente em diversos eventos levando em seu canto e na execução do seu instrumento um pouco das profundas raízes culturais do nosso país. Soma-se ao seu portfólio destacam-se o Encontro de Violeiros - Ribeirão Preto, Outono na Serra - Serra do Cipó, Virada Cultural de São Paulo , Projeto FUNARTE Interações Estéticas – “O Tao do Quintal” Uma Opereta Caipira Contemporânea – Pirenópolis -GO; 36° Festival de inverno de Itabira – MG, XIII Canto da Primavera 2012 – Pirenópolis - GO, Premio Rozini de Excelência em viola Caipira – BH; Flipiri 2011 – Pirenópolis - GO, Fórum Social Temático 2012 – Porto Alegre – RS. Ainda consta no currículo do artista mineiro a direção e participação nos CD’s: “Concerto Caipira” da Orquestra Mineira de Violas-2005; CD do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, intitulado “Cantares da Educação do Campo”- 2007 entre outras participações. Dentre os títulos de sua discografia ainda enumera-se dois projetos fonográficos: um lançado em 2012 junto à cartilha sobre Educação Ambiental da WWF cujo título “En’cantando com a Biodiversidade” e o mais recente, lançado em 2013, batizado de “Manchete do tico-tico”.
“Manchete do tico-tico” conta participações de vários artistas da cidade na qual o artista encontra-se radicado como o violonista Jerônimo forzani, o baterista Ricardo de Pina e o percussionista Sandro Alves. O projeto ainda conta com Mikaell, João e Miriam Colombini; Yasmim Queiroz, Rafael Augusto Nascimento Martins, Rudah Ribeiro, Simone Silva, Elaine Nascimento Rodrigues, Leif Illuvatar e das alunas do Centro de Artes e Música Ita e Alaor, preparadas pela professora de canto Mariangela Alves da Silva ao longo dos treze temas presentes no álbum. Essas canções apresentam temas diversos tendo sempre a viola como primeiro plano como é o caso das instrumentais "Natureza do Cerrado" (de autoria do próprio Victor), o medley "Mulher Rendeira" (domínio público) e "Asa Branca" (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e"Liberdade erudita: Beethoven e Vivaldi".
As dez faixas restantes abordam as raízes culturais mineiras como os pontos de capitão da guarda municipal do município mineiro de São Benedito; a fauna brasileira a partir de faixas como "Sementes" (em parceira com Marta Narciso) e a parceria com de Batista com João Bá que dá título ao disco procurando enaltecer um dos pássaros mais conhecidos e estimados do Brasil. Rincões como a Serra dos Pireneus não deixa de ser lembrado em faixa de mesmo nome, além dos costumes e paisagens interioranas que no disco são representados pelos versos e melodia do cantor e compositor tocantinense Juraildes da Cruz na faixa "Vida no Campo". Os fenômenos da natureza são lembrados em "Alvorada a aurora" (parceria com Pipo Neves) e "Céu mais lindo". O disco ainda conta com uma composição de Luiz Perequê ("Orelha de pau"), uma faixa em espanhol "Solo el amor", parceria do artista mineiro com Luis Enrique Mejia Godoy e "A peleja de Aninha contra o Reino da tirania", parceria com o poeta cearense João Bosco Bonfim.
Do álbum "Além da Serra do Curral", perpassando pelo projeto especial “En’cantando com a Biodiversidade” até “Manchete do tico-tico”, Victor Batista mostra que soube traçar um coerente caminho dentro do segmento musical que abraçou a partir de letras e melodias que valorizam não apenas o som da viola, mas também as tradições que envolvem o instrumento, a fauna, a flora e as raízes de sua gente. O seu canto pungente adorna de modo meticuloso os temas que apresenta sem deixar dúvidas que a o artista apesar de manter-se com os pés fincados nas tradições enxerga além do trivial, trazendo um significado alento para a cultura que defende. Uma arte que, mesmo com todas as adversidades existentes, mantém-se viva graças a personagens como ele, que mesmo ciente que existe o caminho das pedras mantém-se firme naquilo que acredita e defende. Deixo aos amigos leitores um trecho da participação do cantor, compositor e instrumentista no programa Sr. Brasil, apresentado por Rolando Boldrin:

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