terça-feira, 23 de dezembro de 2014

COISAS DA VIDA

O PRESENTE DE NATAL

Violante Pimentel
Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte

Era a semana do Natal. Não havia ainda Shopping Center na cidade. O comércio fervilhava de pessoas, pondo em prática o consumismo que a época impõe, com a compra de presentes e outros apetrechos para as festas de fim de ano. A melhor sapataria da cidade, "Damião Calçados", encontrava-se repleta de clientes.

O proprietário, já idoso, gostava de atender à clientela e não parava de supervisionar o atendimento, feito pelos filhos e alguns empregados. A esposa tomava conta do caixa.

A tarde era de grande movimento.

De repente, Seu Damião viu entrar na sua sapataria um cliente desconhecido, de ótima aparência, bem vestido e educado, querendo comprar sapatos da melhor qualidade. Com ele, estava um garoto franzino, que aparentava ter uns dez anos de idade.

Com a delicadeza que lhe era peculiar, o dono da sapataria atendeu ao cliente, mostrando-lhe sapatos macios e confortáveis, de excelente marca. O homem provou os sapatos que lhe foram mostrados, dando alguns passos, para sentir quais seriam os mais confortáveis. Enquanto isso, o garoto também provava alguns sapatos, e escolhia os melhores.

Atendendo ao chamado da esposa, Seu Damião se afastou um pouco, mas voltou imediatamente, para saber a decisão do cliente diferenciado e do garoto.

Nessas alturas, a loja estava lotada e Seu Damião apressava-se para concluir aquele atendimento, pois outros clientes aguardavam a vez de serem atendidos.

Quando se preparava para tirar a nota de compra dos calçados, o dono da sapataria olhou em volta, e não viu mais ali o novo cliente, mas apenas o garoto, que tinha nas mãos o par de sapatos que escolhera. E o homem, então, perguntou:

- Menino, onde está seu pai, que estava aqui, agora mesmo, experimentando um par de sapatos pretos?

E o garoto, assustado, respondeu:

- Aquele homem não é meu pai, não! Eu estava lá na outra rua, ele me chamou e me perguntou se eu queria receber um par de sapatos de presente de Natal. Como eu sou pobre, fiquei muito contente e vim com ele comprar meu presente.

O vigarista deixou na sapataria  seus sapatos surrados, e  fugiu, levando nos pés um par de sapatos novos, de excelente marca.





Nenhum comentário:

Postar um comentário