quarta-feira, 17 de setembro de 2014

COISAS DA VIDA

O DESMAIO

Violante Pimentel
Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte.


(Por Violante Pimentel) Doutor Fernando era médico e trabalhava no principal hospital público da cidade. Depois de um casamento de 15 anos, fracassado por infidelidade da mulher, estava com dificuldade de se acostumar a viver sozinho.

Com os nervos à flor da pele, fazia grosserias a torto e a direito, como se a humanidade tivesse culpa da sua situação.

Numa certa manhã, uma das enfermeiras do hospital, que era irmã de caridade, foi alvo de uma grosseria inesperada da parte do médico. A freira desmaiou na hora, precisando de atendimento médico de urgência.  Esse episódio chegou ao conhecimento do Diretor do hospital, que mandou chamar o Dr. Fernando à sua sala, a fim de prestar esclarecimento sobre o ocorrido. Com certeza, o caso implicaria na abertura de um processo administrativo disciplinar contra o profissional.

Ao ser interrogado, o Doutor Fernando deu a sua versão dos fatos, procurando justificativas para o seu gesto grosseiro e desrespeitoso para com a freira.
E assim o médico desabafou:

-- Depois que me separei da minha mulher, ainda não consegui me conformar com a infidelidade dela;

-- Eu tinha passado a noite em claro, como sempre tem acontecido;

-- Às cinco horas da manhã, com muito frio, pus-me debaixo do chuveiro para tomar banho, e este pifou na hora em que eu liguei;

-- Fui fazer a barba e me cortei;

-- Procurei o jaleco pra vestir e vi que o único que eu tinha em casa estava sujo;

-- Fui pegar o carro na garagem, e um dos pneus estava baixo;

-- Cheguei ao hospital atrasado, para o procedimento cirúrgico que eu iria realizar num paciente;

-- Deixei o carro no estacionamento do hospital e me dirigi à entrada, quase correndo. Tropecei e caí, sujando ainda mais o jaleco;

-- Muito nervoso, entrei apressado no hospital e fui interrompido pela Irmã Dorotéia, que trazia um supositório na mão e, com sua voz gasguita, foi dizendo:

-- Doutor, eu ia colocar este supositório no paciente do leito 24 , mas ele morreu!!! E o que é que eu faço agora?”

-- Com os nervos em pandarecos, eu respondi o que me veio à cabeça naquela hora:

-- Pegue o supositório e enfie ....!!!!!!!!”








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