sexta-feira, 29 de novembro de 2013

TELMA COSTA, 60 ANOS

Conhecida nacionalmente pelo antológico dueto ao lado de Chico Buarque na canção "Eu te amo", Telma Costa deixou um garboso registro fonográfico antes de partir prematuramente em 1989 
(Por Bruno Negromonte)


Às vésperas do seu aniversário de 36 anos, Telma Costa, a filha caçula da pianista e professora de piano e canto coral do Conservatório de Juiz de Fora, Maria Aparecida Correa Costa, partiu prematuramente, deixando como legado alguns registros fonográficos, dentre os quais o álbum que tem por título o seu nome e que foi lançado em 1983. Entre as canções do álbum há faixas como 'Coisa Feita' (João Bosco - Paulo Emílio - Aldir Blanc), 'Fruta Boa' (Milton Nascimento e Fernando Brant), 'Espelho Das Águas' (Tom Jobim) e 'Não Vale Mais Chorar' (Ronaldo Bastos e Toninho Horta), entre outras. O disco conta em sua ficha técnica com a participação de Dori Caymmi e Cesar Camargo Mariano na produção e arranjos. Além de Caetano Veloso, que divide os vocais na faixa 'Certeza da Beleza', canção de sua autoria. É um registro fonográfico que apresenta uma Telma Costa no ponto certo para dar o melhor de si em composições que pesavam não só por ter a assinatura de alguns dos maiores nomes da MPB, mas por exigir técnica e segurança em suas interpretações. Coisa que Telma soube tirar de letra, basta ouvir o registro e ver como ele mostra-se atual,  apesar das três décadas já passadas desde o lançamento.
Telma Costa: morte prematura

No entanto vem do álbum de outro artista a sua interpretação mais conhecida. Telma, a convite de Chico Buarque, registrou em 1980 no LP "Vida" a canção 'Eu te amo', parceria do cantor e compositor com Tom Jobim. Essa mesmo dueto chegou a repetir-se dois anos depois sob o título 'Te amo', faixa presente no álbum "En español", trabalho voltado para o exterior. Seu envolvimento com a obra de Chico Buarque teve início na década de 1960, quando aos 15 anos, foi convidada pelo artista para dividir a interpretação da música 'Sem fantasia', em show realizado no Clube de Juiz de Fora, sua terra natal. Vale salientar que a cantora teve a oportunidade de viver em um ambiente extremamente propício ao desenvolvimento de suas habilidades artísticas, uma vez que veio de uma família extremamente musical. Além da matriarca, seus irmãos - Élcio, Telma Lisieux e Afrânio - também musicavam, e isso fazia com que a música fosse algo predominante na residência dos Costa.Tanto que ainda na infância a mãe apresentou aos pequenos as primeiras introduções no universo musical fazendo com que ainda na adolescência os mesmos formassem o grupo vocal Trieto, formado pelas irmãs Telma Lisieux e Sueli.

A irmã Sueli, citada ao longo do texto, para quem não sabe, é a consagrada compositora Sueli Costa, recentemente homenageada em nosso espaço pela passagem dos seus 70 anos. A artista é autora de inúmeros sucessos dentro da MPB, dentre os quais os clássicos 'Medo de amar Nº2' (em parceria com Tite de Lemos) e as canções 'Amar é outra liberdade' e 'Jura Secreta' (ambas em parceria com Abel Silva).

Telma dá início de fato à sua carreira artística a partir de 1971, quando tem a oportunidade de mudar-se para o Rio de Janeiro e passa a atuar em casas cariocas, como Special e People, entre outras, além de fazer parte, ao lado de Miúcha, Olívia Hime e Elizabeth Jobim, do grupo vocal que participou de shows de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Ainda na década de 70, tem seu primeiro registro fonográfico, gravando em 1978 no LP "Vida de artista", de sua irmã Sueli, a faixa "Quatro de dezembro". Ao longo da década seguinte participou de alguns programas de TV tal qual o "Bar Academia" e de um especial acerca da obra do cantor e compositor Tom Jobim, ambos na extinta TV Manchete. Sem contar a sua presença na trilha sonora da teledramaturgia brasileira registrando canções como "Adoração" (Lisieux Costa e Tite de Lemos), para a novela "Eu prometo" (Rede Globo/1983), "Fruta boa", de Milton Nascimento e Fernando Brant, para a novela "Paraíso" (Rede Globo/1982); além da música "Azulão" (Jayme Ovalle e Manoel Bandeira) para o longa-metragem "Inocência" (1983), de Walter Lima Júnior.

Fernanda Cunha: encantadora de plateias
Fernanda Cunha, filha da artista, hoje segue a mesma profissão da mãe cantando e encantando plateias de todo o planeta. Com cinco álbuns lançados, Fernanda vem sedimentando uma carreira artística não só no Brasil, mas também ao redor do mundo. Países como Canadá, EUA e outros tantos na Europa conhecem o repertório de álbuns como "O tempo e o lugar" (2002), "Dois corações- Fernanda Cunha interpreta Johnny Alf e Sueli Costa" (2004), "Zíngaro - Fernanda Cunha e Zé Carlos interpretam as parcerias de Tom Jobim e Chico Buarque" (2007), "Brasil Canadá" (2009) e do seu mais recente registro fonográfico "Coração do Brasil", registro que mostra uma artista que ganhou o mundo, mas não perdeu as suas mais genuínas raízes.Quando questionada acerca do maior legado deixado por sua mãe, Fernanda responde:"A maior riqueza que minha mãe me deixou foi o amor. Como artista a música e o amor pela música. Nasci respirando música, e a música muitas vezes me salvou de situações complicadas na vida. É um bálsamo". 






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