Verdade
seja dita: Ananias, nosso repórter em fim de carreira, fez o que pode, mas não
conseguiu segurar a curiosidade inerente a todo repórter, inclusive aos em
final de carreira, como ele:
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Velho Marinheiro: o que houve ontem entre o senhor e Romildo Bastos, irmão de Romualdo,
nosso cruzadista?
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Nada.
--
Nada?
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Quer saber? Mandei o tipo se catar. Só isso. Um pouquinho mais, talvez. Qualquer pessoa
normal, com dois neurônios, faria o mesmo. Romildo repetiu dez vezes a mesma
falação, até que eu a ouvisse. Ele queria plateia, aplauso ordinário: “Almerindo,
meu amigo, um afro na melhor idade, padece de sofrimentos inúmeros – não tem
recursos para manter a casa; cardíaco, não consegue mais cumprir com as obrigações matrimoniais. Paga o preço. Almerindo é meu irmão.”
--
E então?
O
Velho Marinheiro entornou o aperitivo:
--
E aí é o seguinte, Ananias: “Romildo – eu lhe disse, de saco cheio: ‘O que você
quer dizer é: Almerindo é um negro pobre e ferrado. Velho aos cacos, que no
final da vida virou corno. Ponto”. E tem
mais: Romildo, você é um afetado. Até falando abusa das reticências e dos
pontos de exclamação’”.
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O que o senhor tem contra umas e outros?
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Tudo, Ananias, tudo. Umas e outros são coisas afetadas. Por partes: primeiro, se
tenho que dizer, digo logo, não deixo no ar; segundo, não sou retardado pra me
espantar com qualquer coisa. Mandei o irmão do cruzadista ler Graciliano. Ele se foi pisando duro. (OS - junho de 2016, atualizado em junhode 2017)
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