OS BATISTA: VIGARISTAS AMIGOS DO PODER |
FROG,
DE FROM GOIÁS
É
notável o silêncio das entidades sindicais sobre roubos
no
FGTS e casos como o da JBS, que confessou
propina
a dirigentes de fundos de pensão
Por José
Casado
O
Globo
Via
Blog do Augusto Nunes
31/05/2017
Era
uma ideia bilionária. Só faltava US$ 1
bilhão. Amigos que patrocinava no governo e no Congresso cuidaram para que
fosse bem recebido no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, nos
fundos de pensão da Petrobras (Petros) e da Caixa (Funcef).
Era
simples: o banco e os fundos das estatais pagariam US$ 1 bilhão por 12,9%
das ações da sua companhia. Com o dinheiro, fecharia a compra de concorrentes
nos Estados Unidos e na Austrália, dispensando bancos privados, que cobravam
mais caro. Ganharia imunidade comercial e sanitária mundial, e poderia jogar
como dono de um dos dois maiores açougues do planeta.
Em
pouco tempo, naquele primeiro semestre de 2008, Joesley Batista avançou no
negócio da JBS com BNDES, Petros e Funcef. Deu-lhe o codinonome de “Prot”,
abreviatura de proteína. Como seu irmão Wesley dizia, assim era o estilo “Frog”
— acrônimo de “From Goiás”.
Na
reta final das negociações, foi chamado pelo presidente da fundação da Caixa,
Guilherme Lacerda. “Ele disse que eu deveria ter relacionamento próximo com
Paulo Ferreira”, contou Joesley a procuradores federais. Ferreira era
tesoureiro do Partido dos Trabalhadores. Lacerda lembrou-lhe que precisaria do
aval dos sindicalistas dirigentes dos fundos das estatais. Eram “indicados por
sindicatos” e respondiam ao PT.
Lacerda
levou Joesley ao tesoureiro do PT. Ferreira estava de saída do cargo e o
apresentou ao sucessor, João Vaccari. Combinaram: “Vaccari recomendaria as
operações aos dirigentes sob sua influência, e a gente pagaria ao PT 1% do que conseguisse obter dos
fundos.”
Os
presidentes dos fundos também queriam. Militantes do PT, Guilherme Lacerda
(Funcef) e Wagner Pinheiro (Petros) integravam a burocracia sindical à qual
Lula entregara 11 dos 33 ministérios, além de postos-chave
nas estatais e respectivos fundos de previdência, em partilha com PMDB, PP e
PTB. Joesley contou ter acertado com os presidentes da Funcef e da Petros “1% para cada sobre o valor das
operações da JBS com os fundos (das estatais), depois do “Prot’”.
Os
irmãos Batista puseram US$ 1 bilhão
no bolso e multiplicaram negócios com os fundos das estatais. Lacerda e
Pinheiro apostaram US$ 200 milhões
da Funcef e da Petros no “Eldorado” de celulose dos Batista, cujo lastro eram
fazendas de papel: alguns imóveis só foram comprados quatro anos depois dos
aportes dos fundos, superavaliados em até 483%.
Um deles é inviável aos eucaliptais, porque fica inundado seis meses por ano.
É
notável o silêncio tumular das entidades sindicais sobre episódios como esses e
outros casos de roubo a mais de 41
milhões de trabalhadores na última década e meia.
A
maioria das vítimas é cotista do Fundo de Garantia — 68% têm renda de um salário. Investigações indicam perdas de 10% dos investimentos do FGTS em
negócios suspeitos.
Há,
também, 800 mil servidores
endividados que ainda são depenados com taxas “extras” sobre empréstimos
consignados. Além de 500 mil sócios
dos fundos das estatais afanados nas aposentadorias e pensões.
As
estranhas transações corroeram em 20
bilhões de dólares o patrimônio da Petros, Previ, Postalis e Funcef. Ontem,
por exemplo, Lacerda e outros ex-dirigentes da Funcef se tornaram réus por
fraude de 200 milhões de dólares com
a empreiteira Engevix, condenada na Lava Jato.
É
eloquente o silêncio sindical.
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