LULA DEIXA DE LADO “DIRETAS, JÁ”!
Naturalmente Lula não seria capaz de entusiasmar sua turma
se não repetisse os chavões de sempre. Ou se não batesse
nas elites com as quais governou e enriqueceu
Por Ricardo Noblat
noblat.oglobo.globo.com
02/06/2017 - 05h56
LULA,O "INOCENTE" (CARICATURA: WILLIAM) |
Uma coisa é o que Lula diz aos seus homens de confiança no
escurinho dos gabinetes à prova de grampos. Outra é o que diz em público. Mas
ontem, na abertura em Brasília de mais um Congresso Nacional do PT, Lula falou
para fora o que ultimamente tem falado para dentro.
Deixou de lado a pregação a favor de Diretas, Já!, e cobrou dos
militantes do partido um plano para eleger no próximo ano a maioria dos
deputados federais e senadores. Assim, segundo ele, o PT ficaria dispensado de
se aliar a outros partidos para governar o país.
Sim, Lula ainda parece alimentar a esperança de ser candidato a
presidente, de eleger-se e de voltar ao Palácio do Planalto de onde jamais
gostou de ter saído. De poder também a qualquer hora da madrugada acionar a
cozinha do Palácio da Alvorada para comer sanduíche de pão com ovo.
Precisa combinar com o juiz Sérgio Moro, aparentemente pronto
para condená-lo, deixando-o solto. E com a segunda instância da Justiça, que se
o condenar mandará prendê-lo. Sem esquecer, é claro, dos eleitores, que o
presenteiam o mais alto, altíssimo índice de rejeição.
Naturalmente Lula não seria o mesmo Lula capaz de entusiasmar
sua turma se não repetisse os chavões de sempre, tipo "lá fora estão os
inimigos de classe que querem nos destruir e nós temos que estar preparados
para derrotá-los”. Ou se não batesse nas elites com as quais governou e enriqueceu.
Diretas, Já!, para tirar Temer ficou no passado. “2018 está logo
ali, já começou. É por isso que eles estão com medo e nós não estamos com medo.
Se a esquerda for para disputa com um programa factível, eu tenho certeza que a
gente vai voltar a governar esse país", garantiu Lula.
Não faltou o número clássico de se fazer de coitadinho. Réu em
cinco processos, sendo três da Lava Jato, sapecou: "Eu não quero que vocês
se preocupem com o meu problema pessoal. Eu já provei a minha inocência. Eu
agora vou exigir que eles provem a minha culpa.”
Foi delirantemente aplaudido por uma plateia que pouco antes
gritara “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro” para homenagear José Dirceu,
ex-presidente do partido, em liberdade provisória.
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