IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE |
A AGONIA POLÍTICA DE TEMER
Não há precedente na nossa história de um presidente,
em pleno exercício do mandato, ser investigado por três crimes:
corrupção, obstrução à Justiça e formação de organização
criminosa
Por Marco Antonio Villa
IstoÉ Digital – 02/06/2017
Na sua carreira política, Michel Temer nunca se destacou pela
combatividade, muito menos pela oratória inflamada. Na última quinzena, após a
divulgação dos documentos da delação dos controladores e diretores da JBS, o
presidente mudou. Convocou a imprensa para diversas declarações, deu
entrevistas, discursou em cerimônias públicas, foi incisivo, participou de uma
maratona de reuniões. Seria louvável tal disposição para o trabalho se esse esforço
estivesse vinculado à gestão presidencial, ao enfrentamento dos graves
problemas nacionais, à mobilização da sociedade. Ledo engano. Temer passou a
concentrar toda a ação política em um só objetivo: manter-se a qualquer custo
na Presidência da República.
VILLA/ ARTE: ISTOÉ |
Não há precedente na nossa história de um presidente, em pleno
exercício do mandato, ser investigado por três crimes: corrupção, obstrução à
Justiça e formação de organização criminosa. E ter conversa gravada tratando de
assuntos nada republicanos. Apesar disso, Temer insiste em permanecer na
Presidência, mesmo sabendo que cometeu crimes. Não arreda pé do Palácio do
Planalto porque sabe que sem o foro privilegiado poderá ser preso, hipótese
remota, é verdade, mas que faz parte das alternativas legais. Por muito menos,
o senador Delcídio do Amaral acabou sendo detido.
Deixando ainda mais complexa a conjuntura, parte de seus
auxiliares estão envolvidos em diversas acusações de malversação dos recursos
públicos. E, tudo indica, com a revelação do conjunto do teor das delações,
ficará insustentável sua permanência à frente do governo. A OAB protocolou um
pedido de impeachment na Câmara dos Deputados e o TSE, finalmente, vai julgar o
processo referente à eleição de 2014.
Desesperado, Temer buscou auxílio até de José Sarney. De nada
vai adiantar. A crise se agrava a cada dia. Manobras parlamentares e palacianas
vão fracassar. É a agonia de um governo moribundo, que vai se extinguir muito
antes do término do mandato. Sua permanência é uma anomalia. Prolonga a tensão
política, joga água no moinho do PT e de seus asseclas, interrompe a aprovação
das reformas e impede que a recuperação econômica possa se consolidar. A
renúncia é o melhor caminho. É menos penoso. Mas Temer resiste aos fatos. Vai
perder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário