ARTE: ANTONIO LUCENA |
O TIRO QUE FALTA
Boa parte do que Rocha Loures tem para contar, a PGR
já sabe. O próprio Loures
contou em conversas gravadas
pela PF. Em uma delas, ele confessa que o dinheiro da mala,
era destinado a Temer. Ele era mero portador. Dúvida?
Por Ricardo Noblat
Blog do Noblat
04/06/2017 - 02h00
Quantos tiros mais no pé o presidente Michel Temer haverá de se
dar até que um deles o aleije em definitivo e o impeça de completar o mandato
subtraído de Dilma Rousseff?
O mais recente dos tiros não tem uma semana. Às pressas, sem
refletir sobre as consequências do seu gesto, Temer anunciou a terceira troca
de ministro da Justiça em pouco mais de um ano.
Saiu Osmar Serraglio (PMDB-PR), que assumira o cargo há menos de
quatro meses. Entrou Torquato Jardim que até então era o ministro da
Transparência.
Temer imaginou que Serraglio aceitaria o lugar deixado vago por
Jardim e que tudo ficaria em paz. Esqueceu-se de combinar com ele. Serraglio
preferiu reassumir o mandato de deputado. POU! Deu-se o pior.
A volta de Serraglio à Câmara desalojou dali seu suplente,
Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, o homem filmado pela
Polícia Federal correndo com uma mala de dinheiro em São Paulo.
A partir de amanhã, Rocha Loures estará em um novo endereço – a
Penitenciária da Papuda, em Brasília. Uma vez que sem mandato perdera o direito
a foro especial, foi preso ontem. E na ocasião, chorou muito.
Boa parte do que Rocha Loures tem para contar, a Procuradoria
Geral da República (PGR) já sabe. O próprio Rocha Loures contou em conversas gravadas
pela Polícia Federal que virão a público em breve.
Em uma delas, Rocha Loures confessa que o dinheiro da mala, R$
500 mil reais, recém-saído dos cofres do Grupo JBS, era destinado a Temer. E
que ele não passava de um mero portador.
A PGR quer mais detalhes a respeito. E novas revelações para
fechar de vez o cerco a Temer. Não será o julgamento das contas da chapa
Dilma-Temer pela Justiça Eleitoral que selará a sorte do presidente.
Será o que está por vir – a denúncia que o procurador Rodrigo
Janot oferecerá contra Temer ao Supremo Tribunal Federal por crimes de
corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Temer sangra desde que recebeu em audiência clandestina no porão
do Palácio do Jaburu o empresário Joesley Batista, apontado por ele mais tarde
como um sujeito bisonho, fanfarrão e sem importância.
Por que um presidente da República receberia um sujeito desses
depois de se certificar de que ele fora admitido ali com nome falso? Por que
revelaria sua satisfação com o fato de Joesley ter dito que se chamava Rodrigo?
De Rocha Loures, Temer disse mais de uma vez que se trata de uma
boa pessoa, decente, muito preparada e filho de uma família com grande
prestígio no Paraná. Acredita que ele foi vítima de “uma armação”.
O que dirá se ele o delatar? Talvez repita Lula, que diz que
preso da Lava Jato delata para poder se safar. Lula omite que não basta
delatar, tem que provar.
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