GROUCHO MARX |
Desde há muito, era uma das principais raposas da
Câmara Municipal de São Paulo. Sempre vestido impecavelmente, dotado de alguma
cultura, bom orador e ligeiro como lebre, cultivava uma vaidade ímpar.
Orgulhava-se de sua arrogância. Jamais perdia a piada, embora as suas fossem
muitas vezes de mau gosto. A daquela tarde de 1986, 1987, não foi.
Ele estava na bancada da imprensa conversando com os
repórteres, quando se aproximou timidamente um vereador do PT – rapaz de barba
rala, paletó puído, simplório de carteirinha. Lembrava fisionomicamente aquele
mendigo que Moacir Franco interpretava nos programas de tevê. Era, na verdade,
suplente de vereador no exercício do cargo. Tentando se enturmar, o petista
disparou com indisfarçável orgulho:
-- Sou marxista.
Ante o silêncio geral, fez questão de reafirmar sua
opção ideológica:
-- Sou marxista mesmo, da gema.
-- Não me diga, interveio o esnobe. Mas que linha
você segue – a de Karl Marx ou a de Groucho Marx?
O simplório esboçou um sorriso amarelo e se foi. Sem
nada dizer. (março/2013)
KARL MARX |
Teste
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