Que fique absolutamente claro: jamais, em tempo
algum, fui cidadão de provocar frisson. Não reclamo da sorte. Se não conheci a
delícia dos aplausos, também não experimentei o fel das vaias, muito embora
sempre estivesse mais próximo dessas que daqueles.
Minha testa nunca foi alvo de ovos ou tomates. E me
orgulho desse fato. Se alguns passaram por perto, foi por engano. Às vezes, a
gente anda com más companhias sem saber. Nem por isso ignoro a “força” do
tomate. Relatos pungentes de vítimas me fazem acreditar nos efeitos
devastadores de uma tomatada, quer do ponto de vista físico, quer sob a ótica
tortuosa da psicologia. Depois de uma tomatada, ninguém consegue mais ser o que
era.
O que eu nunca imaginara é que a força do tomate
fosse muito, infinitamente, maior que a por mim idealizada. Quem poderia supor
que, unidos, tomates jamais serão vencidos? Que podem abalar os alicerces da
sexta ou sétima economia do mundo? Ninguém. Ninguém.
O alerta foi dado pelo nosso ex-presidente, o
verdadeiro e único descobridor dos sete mares. “Dilma não deixará que o tomate
venha a quebrar a força da economia”, disse ele, em Minas Gerais, com aquela
segurança típica dos estadistas. Ufa. Ainda bem que, junto com o susto, veio a
palavra tranquilizadora. Os tomates são fortes, mas com Dilma nem eles
podem. (abril de 2013)
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