quarta-feira, 4 de setembro de 2013

COM TOMATES NÃO SE BRINCA

Que fique absolutamente claro: jamais, em tempo algum, fui cidadão de provocar frisson. Não reclamo da sorte. Se não conheci a delícia dos aplausos, também não experimentei o fel das vaias, muito embora sempre estivesse mais próximo dessas que daqueles.

Minha testa nunca foi alvo de ovos ou tomates. E me orgulho desse fato. Se alguns passaram por perto, foi por engano. Às vezes, a gente anda com más companhias sem saber. Nem por isso ignoro a “força” do tomate. Relatos pungentes de vítimas me fazem acreditar nos efeitos devastadores de uma tomatada, quer do ponto de vista físico, quer sob a ótica tortuosa da psicologia. Depois de uma tomatada, ninguém consegue mais ser o que era.

O que eu nunca imaginara é que a força do tomate fosse muito, infinitamente, maior que a por mim idealizada. Quem poderia supor que, unidos, tomates jamais serão vencidos? Que podem abalar os alicerces da sexta ou sétima economia do mundo? Ninguém. Ninguém.

O alerta foi dado pelo nosso ex-presidente, o verdadeiro e único descobridor dos sete mares. “Dilma não deixará que o tomate venha a quebrar a força da economia”, disse ele, em Minas Gerais, com aquela segurança típica dos estadistas. Ufa. Ainda bem que, junto com o susto, veio a palavra tranquilizadora. Os tomates são fortes, mas com Dilma nem eles podem.  (abril de 2013)


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