quinta-feira, 12 de julho de 2018

LÍNGUA AFIADA: OSCAR WILDE


O MEDO DE NÓS PRÓPRIOS

Acredito que se um homem vivesse a sua vida plenamente, desse forma a cada sentimento, expressão a cada pensamento, realidade a cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um novo impulso de energia tão intenso que esqueceríamos todas as doenças da época medieval e regressaríamos ao ideal helênico, possivelmente até a algo mais depurado e mais rico do que o ideal helênico.

Mas o mais corajoso homem entre nós tem medo de si próprio. A mutilação do selvagem sobrevive tragicamente na autonegação que nos corrompe a vida. Somos castigados pelas nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e acaba com o pecado, porque a ação é um modo de expurgação. Nada mais permanece do que a lembrança de um prazer, ou o luxo de um remorso.

A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
(Oscar Wilde, em “O Retrato de Dorian Gray”)







FRASES
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Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência.

A arte, felizmente, ainda não soube encobrir a verdade.

O homem é um animal racional que perde sempre a cabeça quando é chamado a agir pelos ditames da razão.

A única coisa a fazer com os bons conselhos é passá-los a outros; pois nunca têm utilidade para nós próprios.

Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo.

É melhor ter um rendimento permanente do que ser fascinante.

Todo mundo é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada.

***

Em 1883, Oscar Wilde vai morar em Paris, onde entra para o mundo literário local, o que o levou a abandonar o movimento estético. De volta à Inglaterra casa-se com Constance Lloyd, filha de um advogado bem sucedido de Dublin. Vão morar em Chelsea, bairro dos artistas londrinos. O casal teve dois filhos. Os anos de 1887 e 1888 foram os mais produtivos do escritor, publicou poemas, contos e novelas. Em 1891 publicou sua obra prima "O Retrato de Dorian Gray", romance que retrata a decadência moral humana.

Em 1895, Oscar Wilde é acusado de ter um caso amoroso com Lord Alfred Douglas (Bosie), filho do Marquês de Queensberru. Processado pelo marquês é severamente condenado pela lei inglesa. É levado a julgamento, pela terceira vez, e condenado a dois anos de prisão. Wilde viu sua fama desmoronar, seus livros foram recolhidos e suas comédias retiradas de cartaz. Na prisão escreveu "A Balada do Cárcere de Reading" e "De Profundis", uma longa carta ao Lord Douglas. Libertado no dia 19 de maio de 1897, foi morar em Paris, passando a usar o pseudônimo de Sebastian Melmoth. Passou o resto de seus dias morando em hotéis baratos e se embriagando.

Oscar Wilde morreu em Paris, vítima de meningite, no dia 30 de novembro de 1900. 


(Fonte: e-biografias.net)

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