terça-feira, 25 de julho de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT

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ILUSTRAÇÃO: SPONHOLZ

LULA, DE OLHO NO FUTURO

Lula enriqueceu na vida pública embora não tenha
perdido o hábito de desfrutar de obséquios

Por Ricardo Noblat
25/07/2017

No mundo encantado de Lula, construído por ele para enganar sua clientela cativa, propina não passa de dinheiro doado por empresários para financiar campanhas. E se por acaso o dinheiro não foi declarado à Justiça, trata-se apenas de caixa dois, uma merreca de crime que nem merece ser chamado por esse nome. Melhor seria chamá-lo de irregularidade eleitoral. Talvez de mal feito, como preferia Dilma.

Em entrevista, ontem, à rádio Tiradentes, do Amazonas, Lula retomou a velha e desmoralizada tese que usou na época do escândalo do mensalão para se defender da suspeita de que se beneficiou do escândalo do petrolão. O Supremo Tribunal Federal condenou os mensaleiros do PT e de outros partidos, mas Lula jamais reconheceu que o mensalão existiu. Procede da mesma forma em relação ao assalto à Petrobras.

“Todos (os políticos) pedem dinheiro para empresário desde que foi proclamada a República. A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então ficou tudo criminoso”, disse Lula, que por não ser burro, sabia que estava mentindo.  E acrescentou com a maior naturalidade: “Eu não conheço um político em Manaus ou em São Paulo que vendeu a casa para ser candidato”.

Lula não tinha casa quando foi candidato a presidente da República pela primeira vez. Vivia de favor em um imóvel que lhe fora cedido pelo compadre Roberto Teixeira, seu advogado desde sempre. Enriqueceu na vida pública embora não tenha perdido o hábito de desfrutar de obséquios. A acreditar-se no que diz, o sítio de Atibaia, aonde se hospedou por mais de 100 vezes, é de amigos, nunca foi seu.

Por que Lula insiste em contrariar o que os fatos revelam? Por que renova sua aposta na ignorância coletiva? É porque sabe que só conseguirá manter a tropa que lhe resta repetindo o que ela suplica por acreditar – que ele é inocente, sim, o mais inocente dos brasileiros; que o PT pode ter cometido erros, mas que sempre haverá tempo para consertá-los; e que amanhã será outro dia, um dia glorioso caso ele volte ao poder.

O médico Dráuzio Varella ensinou que um presídio, qualquer presídio, é um reduto de inocentes. Ali não há criminosos. Só vítimas de injustiça. Lula treina desde já para se apresentar como tal.



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