sábado, 1 de fevereiro de 2014

MINICRÔNICAS: TEMPO

VIDA BESTA


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A vida corre ligeira, voa baixo, feito corredor queniano na São Silvestre.
Mas as horas insistem em não passar.

DE MAL A PIOR

No mais das vezes, ao contrário do que dizem por aí, o tempo agrava nossos defeitos e mina nossas poucas qualidades.

O TEMPO
(QUE O VENTO LEVOU)

Não deixe nada mais para o amanhã.
O amanhã não existe.
O amanhã passou por aqui agora, cheio de pressa.
Não disse até logo a seu ninguém, adeus nem pensar.
O amanhã passou por aqui neste instante, esbaforido, rumo ao nunca mais.
E riu da nossa tolice. Por tomá-lo como real.

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O CONTADOR DE CARNEIROS

Era uma vez um homem que, desde menino, acostumara-se a ver a vida pela janela. Esperava sempre as condições ideais para fazer aquilo que sonhava fazer – a maneira mais objetiva de nunca fazer nada. Condições ideais não existem.

Como o tempo não para, ele também ficou velho, como ficam velhos todos, ou quase todos, os meninos. (Alguns morrem no meio do caminho.)

Ainda lhe restam forças para fechar a janela, tomar o elevador e, finalmente, caminhar. Mas de que lhe vale este fiapo de vigor, se ele não aprendeu a atravessar a rua?

Melhor cerrar a cortina. E contar carneiros. Como sempre fez.


CORRIDA INÚTIL

De uma hora para outra, dez anos depois, todo mundo saiu correndo.
Não precisava ser assim, esforço inútil.
Dez anos se foram.




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