FOTO: ARQUIVO GOOGLE |
O SHOW TEM QUE
CONTINUAR
O objetivo dos
advogados de defesa é transformar Lula
em uma vítima
da perseguição dos seus algozes
Por Ricardo
Noblat
27/07/2017 -
02h11
Para quem tenha de depor diante de um juiz, nada mais
cômodo do que fazê-lo por meio de videoconferência. Economiza tempo do juiz e
do depoente. Economiza gastos do depoente e dos seus advogados com
deslocamentos para outras cidades. É mais civilizado e eficiente.
Mas esse não parece ser o caso para Lula. O juiz
Sérgio Moro, no último dia 20, acenou com a possibilidade de Lula ser
interrogado em setembro por meio de videoconferência no processo em que é
acusado de corrupção em contratos firmados entre a Petrobrás e a Odebrecht.
Moro alegou que isso evitaria “gastos indesejáveis de
recursos públicos com medidas de segurança”. Referia-se ao aparato montado pela
Secretaria de Segurança Pública do Paraná e pela Polícia Federal em 10 de maio,
quando ele e Lula ficaram pela primeira vez frente a frente.
Naquela ocasião, o PT tentou levar para Curitiba cerca
de 50 mil militantes de todo o país com todas as despesas pagas. Atraiu menos
de 10 mil. Mas de todo modo produziu um espetáculo com a aparição de Lula e dos
dirigentes do partido em comício no centro da cidade.
É o que pretende fazer outra vez. Por isso, a defesa
de Lula já informou a Moro “que não concorda com a realização do interrogatório
por meio de videoconferência”. Quer que o “o depoimento seja realizado
presencialmente, tal como havia sido definido pelo juízo”.
Faz parte do show. Desde o início do envolvimento de
Lula com a Lava Jato, sua defesa tem privilegiado o aspecto político em
detrimento do jurídico. Assim procede porque está convencida – e Lula também –
de que ele tem poucas chances de escapar de uma ou de mais condenações.
O objetivo é transformar Lula em uma vítima da
perseguição dos seus algozes. O espetáculo não pode parar.
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