PRIORIDADE É PRIORIDADE(ARTE: ANTONIO LUCENA) |
TEMER: UM PRESIDENTE
ANTIRREPUBLICANO
Todas as benesses oficiais têm o intuito de manter a todo custo
Michel Temer na Presidência da República. O equilíbrio financeiro,
a qualidade do gasto público, o respeito às alocações de recursos
de acordo com o orçamento nacional foram deixados de lado
Por Marco Antônio Villa
IstoÉ – 28/07/2017
O governo está fazendo de tudo
para se manter no poder. Usa e abusa dos velhos métodos do “é dando que se recebe”,
expressão adaptada para os costumes políticos brasileiros pelo deputado Roberto
Cardoso Alves, nos anos 1980, quando José Sarney fez de tudo — de tudo, mesmo —
para obter dos constituintes o mandato presidencial de cinco anos. As emendas
parlamentares — grande parte delas, absolutamente inócuas em termos de
desenvolvimento econômico — foram liberadas a rodo, somente para agradar os
deputados que vivem de pequenos negócios nas suas bases eleitorais. Nomeações
foram entregues à sanha daqueles ávidos em ocupar espaços na máquina pública
para obter recursos às suas campanhas eleitorais — e obter recursos no sentido
do Congresso Nacional, ou seja, recebendo propinas e desviando recursos
públicos.
Ao estado do Rio de Janeiro,
Michel Temer resolveu abrir a burra de forma escandalosa. Impôs ao BNDES um
empréstimo para pagar os salários atrasados dos funcionários públicos. Até
seria uma boa medida se o País vivesse numa bonança econômica, se os outros
estados em situação semelhante fossem também beneficiados e, principalmente, se
impusesse uma devassa nas contas públicas e apurasse severamente os atos de
corrupção — e, nesse caso, deveria cumprir o que determinam os artigos 34 a 36
da Constituição. Nada fez. Muito pelo contrário, resolveu até conceder recursos
generosos às escolas de samba, isso em um estado que sequer possui nos
prontos-socorros material cirúrgico básico.
Todas as benesses oficiais têm o
intuito — único intuito — de manter a todo custo Michel Temer na Presidência da
República. O equilíbrio financeiro, a qualidade do gasto público, o respeito às
alocações de recursos de acordo com o orçamento nacional foram deixados de
lado.
Na política do vale tudo o que
interessa é comprar os votos dos deputados impedindo que o STF possa apreciar
(recebendo ou não) a denúncia da PGR de corrupção passiva que pesa sobre os
ombros do presidente da República.
A equipe econômica já está
protestando. Sabe que as medidas são injustificáveis e colocam em risco os
rumos da recuperação — ainda que tímida — da economia. O déficit orçamentário
deve aumentar. O recente aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis não irá
resolver o problema. Mas o governo só pensa em uma coisa: permanecer a qualquer
preço no poder.
Todas as benesses oficiais têm o
intuito — único intuito — de manter a todo custo Michel Temer na Presidência da
República.
Marco Antônio Villa é
historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da
Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de
Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre
em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)
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