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TEMER BALANÇA, MAS NÃO CAI
Se o governo
não tiver votos para enterrar as denúncias,
a oposição
também não terá para aprová-las. Vida que segue
Por Ricardo
Noblat
26/07/2017 -
02h54
À parte rapapés, mesuras e palavras ao vento que
costumam marcar tais ocasiões, restou de substancial somente uma coisa do
jantar que reuniu em São Paulo na última segunda-feira o governador Geraldo
Alckmin (PSDB) e o Estado Maior do DEM: Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara
dos Deputados, disse com todas as letras que caso venha a substituir Michel
Temer na presidência da República não cairá na tentação de ser candidato à
reeleição em 2018. Alckmin fingiu acreditar.
No momento, as chances de a Câmara conceder licença
para que Temer seja julgado por corrupção são quase as mesmas da época em que a
denúncia contra Temer foi encaminhada pelo Procurador Geral da República
Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal: poucas, ralas. Poderiam ter ganhado
robustez se a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara tivesse aprovado o
relatório do deputado Sérvio Zveiter (PMDB-RJ) que recomendava a concessão da
licença.
Ao trocar uma dezena e meia de titulares da Comissão
por suplentes alinhados com ele, Temer decidiu sua sorte até aqui e podou as
asas de Maia, o nome mais forte para sucedê-lo em definitivo. O PSDB sempre foi
um obstáculo à ascensão de Maia. Prefere seguir apoiando Temer, não se sabe até
quando, só para evitar o risco de que Maia assuma a vaga dele e dali não queira
sair tão cedo. O PT prefere Temer presidente até o fim para tentar crescer na
oposição a um presidente exangue.
Rocha Loures, o homem da mala que se destinava a
Temer, segundo Janot, já está sob controle: arranjaram-lhe uma tornozeleira
eletrônica às pressas para que pudesse se mudar da Penitenciária da Papuda, em
Brasília, para o conforto do seu lar. Dá-se como certo dentro do governo que
ele jamais delatará Temer. Cabe aos seus advogados criar uma narrativa para
justificar a devolução da mala com R$ 500 mil reais.
Esperam-se as próximas denúncias de Janot contra
Temer. Ou se espera a segunda e última. É pouco provável que ela produza mais
barulho do que a primeira. O que haveria de mais grave do que um presidente da
República receber no porão do seu palácio a visita de um empresário investigado
por corrupção que confessa crimes, combina futuros encontros e sai tão livre
como entrou? Se o governo não tiver votos para enterrar as denúncias, a oposição
também não terá para aprová-las.
Vida que segue.
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