domingo, 30 de julho de 2017

CHÁ DAS CINCO: ADÉLIA PRADO (BENDITO)


BENDITO

Louvado seja Deus, meu senhor
Por que meu coração está cortado a lâmina
Mas sorrio no espelho ao que
À revelia de tudo se promete;
Por que sou desgraçado
como um homem tangido para a forca,
Mas me lembro de uma noite na roça
O luar nos legumes e um grilo
Minha sombra na parede.

Louvado sejas por que eu quero pecar
contra o afinal sítio aprazível dos mortos,
Violar as tumbas com o arranhão das unhas,
Mas vejo a tua cabeça pendida
e escuto o galo cantar
Três vezes em meu socorro.

Louvado sejas, porque a vida é horrível
Porque mais é o tempo que eu passo
Recolhendo os despojos
- velho ao fim de uma guerra como uma cabra -
Mas limpo os olhos e o muco de meu nariz
Por um canteiro de grama.

Louvado sejas por que eu quero morrer, mas tenho medo
E insisto em esperar o prometido

Uma vez quando eu era menino
Abri a porta de noite
A horta estava branca de luar
E acreditei, sem nenhum sofrimento:
LOUVADO SEJAS!!!!



POLÍTICA/OPINIÃO: DÊNIS ROSENFIELD

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PARLAMENTO ALEMÃO (FOTO: ARQUIVO GOOGLE)

PARLAMENTARISMO E IMPORTAÇÃO DE IDEIAS

A aprovação de reformas passa por negociações que nada
têm de republicanas, embora sejam de interesse nacional

Por Dênis Rosenfield
O Globo
24/07/2017

Volta e meia, imerso em crises, o país vê-se confrontado com propostas de reforma política, voltadas para a implementação do parlamentarismo no país. É como se, em um passe de mágica, todos os problemas fossem suscetíveis de um equacionamento simples, baseado em uma mera troca de sistema de governo. O problema, porém, reside em que as instituições parlamentaristas muito bem funcionam no nível dos princípios ou em seus países de origem. Nada disto, porém, corresponde ao seu funcionamento quando transplantadas a outros países de tradições e histórias distintas.

A questão, muito bem analisada na obra de Oliveira Vianna, consiste na refração das ideias e no deslocamento das instituições. Teria sentido simplesmente importar um sistema de governo? Seria ele “importável”? As ideias ganham, neste processo, outro significado a despeito de guardarem a aparência de sua significação anterior. Os “importadores” podem ter, inclusive, a melhor intenção, mas seus efeitos podem também não corresponder ao que foi projetado.

Operando em outro contexto institucional, conforme outra história, produzem consequências que não ocorreriam em seus países de origem. A depender do modo de utilização das ideias, elas podem vir a produzir grandes deslocamentos políticos. Como pode uma ideia constitucional vingar em países de tradição totalmente diferente? De que valem comparações, se essas não levarem em conta o contexto histórico de implementação destas ideias?

Há uma certa tendência na política brasileira de opção por grandes transformações, em vez de mudanças graduais que observariam os vários contextos particulares de sua concretização. O parlamentarismo pressupõe partidos políticos organizados, com doutrinas próprias, que disputem a opinião pública segundo as suas concepções. Procuram conhecê-la e persuadi-la do bem fundado de seus projetos.

Não são meros agregados de pessoas e interesses, mas deveriam possuir um propósito válido para toda a coletividade. Ora, observamos na cena política brasileira um forte componente fisiológico e, mesmo, de corrupção que faz com que a representação política seja falseada, ou seja, submetida a trocas dos mais diferentes tipos para que propostas coletivas sejam aprovadas.

A aprovação de reformas, por exemplo, passa por negociações que nada têm de republicanas, embora sejam de interesse nacional. Imagine-se, em um sistema parlamentarista, o não atendimento deste tipo de demanda. Ele não repercutiria somente na não aprovação de um projeto, mas produziria um voto de desconfiança, podendo levar à queda do Gabinete. Dado o caráter inorgânico dos partidos políticos brasileiros, poderíamos ter vários primeiros-ministros no transcurso do ano.

De nada adiantam grandes ideias, se elas não vierem acompanhadas de medidas básicas, que seriam de muito valia para um melhor regime republicano. Pense-se que um novo governante deveria, por sua vez, substituir os milhares de cargos comissionados, criando uma total balbúrdia na administração pública. Necessita o país de tal número de cargos?

É evidente que a inexistência de cláusula de barreira para a criação de partidos políticos é um poderoso estimulo à fragmentação partidária, tornando difícil qualquer organização. A observação histórica mostra que, em sistemas de governo presidencialistas ou parlamentaristas, poucos partidos fortes são de natureza a produzir a estabilidade governamental.

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DÊNIS ROSENFIELD (FOTO: ARQUIVO GOOGLE)

Tampouco são favorecidas as instituições se esta pletora de partidos for organizada sob a forma de eleições proporcionais se, dependendo da aliança, o voto em um partido redundar na escolha de outro. A proibição de coligações partidárias seria um poderoso instrumento de depuração do sistema político, produzindo um mínimo de organicidade. Haveria uma coincidência entre a representação política e a partidária.

Agora, na contramão de qualquer depuração, estamos vendo nascer propostas de financiamento público de eleições estimadas em mais de R$ 5 bilhões. Em um país em séria crise econômica, não deixa de ser um escárnio. Tome-se o caso da França. As perdas dos socialistas e republicanos, por suas derrotas legislativas, são estimadas em torno de poucas dezenas de milhões de reais, já feita a conversão. O partido de Macron ganhou em torno de 80 milhões. Os patamares são, comparativamente, para nós, muito baixos. No Brasil, fala-se de bilhões de reais como se fosse apenas o necessário, da mesma forma que a nossa corrupção é de país rico, sempre calculada em bilhões.

Partidos deveriam ser financiados, enquanto entidades privadas, por seus membros e simpatizantes. Deveriam fazer um esforço de coleta, o que é, para pessoas físicas, permitido pela nova legislação. Considerando que não há nenhuma organicidade partidária, parte-se agora, vista a proibição da contribuição empresarial, para o financiamento público, que, de público, só possui o nome, pois é originário de impostos de contribuições. Tirar-se-ia do orçamento da Saúde, da Educação ou da Habitação, por exemplo, para o financiamento dos partidos.

Hoje, sabe-se, graças à Lava-Jato, que os recursos de empresas eram só aparentemente privados, sendo resultado da corrupção e do desvio de recursos públicos. Graças a este esquema político perverso, os espetáculos políticos midiáticos puderem acontecer. A opinião pública, despreparada, comprou a mensagem que lhe foi oferecida. A política tornou-se assunto de marqueteiros, mercadores de imagens, pagos a preço de ouro.

Oliveira Vianna, em seu célebre livro, “O ocaso do Império”, assinalava que, no Segundo Reinado, os partidos tinham se tornado “simples agregados de clãs organizados para a exploração em comum das vantagens do ´poder”. Ou ainda, “os programas que ostentavam eram, na verdade, simples rótulos, sem outra significação que a de rótulos”. Parece que está falando dos dias de hoje. Como pode vingar um sistema representativo sem partidos dignos deste nome?

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Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

POLÍTICA/OPINIÃO: MARIA HELENA RUBINATO

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QUE TAL, EIKE BATISTA?

“ACORDA, ESTE É O BRASIL
QUE VOCÊ AJUDOU A CONSTRUIR”

Por Maria Helena Rubinato
Via Blog do Noblat
28/07/2017

Quem forjou a frase do título não fui eu, mas dona Biloca, a sábia amiga e conselheira do colunista Roberto Pompeu de Toledo, segundo artigo publicado por ele na VEJA da semana passada, edição 2540.

É um país curioso, original, estranho... Dizem que é um país pobre, por isso sem saneamento básico para todos, sem boas escolas, sem hospitais, com poucas estradas diante de seu imenso território.
 
Tem uma moeda que foi a salvação da lavoura quando nasceu, em 1º de julho de 1994. Moeda forte, que foi recebida com grande entusiasmo. Moeda que enche nossos cofres e os bolsos dos amigos do rei. A unidade, o real, já não compra o mesmo que comprava em 1994, claro que não. Na verdade, nem seu milhar. Ninguém mais fala em um mil reais. Agora só ouvimos falar em milhão, bilhão e, às vezes, trilhão...

De onde saem os bilhões mencionados nos relatos sobre grandes propinas? Como circulam pelos diversos bolsos por onde passam?  É tudo em malas, como com o ex-deputado Loures, nenhum milhão passa pelos bancos? Por falar em bancos, cadê o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão administrativo brasileiro que foi criado pela lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, durante as reformas econômicas feitas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso)?

Tenho a impressão que a grande maioria dos brasileiros nem compreende as cifras das quais ouve falar. São cifras tão distantes de nossa realidade que nem chocam: entram pelos nossos ouvidos como se fossem os dizeres das bruxas nas histórias de fada. São assustadoras, mas não devemos nelas acreditar.

Só que não, como é moda dizer hoje em dia. Não são passagens de histórias de fadas, não. É a realidade. O que vem provar que o Brasil é um país muito, muito rico. Com um detalhe macabro: quem enche as burras do Governo é o cidadão, mas ele não tem direito ao uso e ao usufruto de sua moeda. Isso é só para os eleitos, os grandes da Política ou do Empresariado. E não adianta chiar. Leia ou ouça calado e espere que o Carnaval vem aí, para aliviar nossas dores.

Mas é só nos cifrões que o Brasil é curioso? Bem, tudo começa e acaba com moedas, sem dinheiro as narrativas morreriam, sobretudo as narrativas que levam à intervenção da Justiça.

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MARIA HELENA RUBINATO

Justiça amável, generosa, às vezes até leniente. Exemplos: a madrasta que ajudou o marido a matar a filha de cinco anos vai poder cumprir o resto de sua pena no semiaberto. Com um detalhe inacreditável: a expectativa é que ela deixe a prisão pela primeira vez em outubro, no Dia da Criança!  Outra amabilidade da Justiça é a prisão também no semiaberto daquela mocinha que tramou com o namorado e o irmão do namorado a morte violenta de seus pais. Essa já deixou a carceragem num Dia dos Pais, o que tem toda a lógica!

Tem mais? Os irmãos Batista, donos da JBS, cuja delação traz informações impressionantes sobre o propinoduto brasileiro, por ter revelado malfeitos escabrosos, de parte a parte, i.e., deles com as autoridades, das autoridades com eles, receberam um agradecimento da Justiça: eles não sofreram nem sofrerão nenhuma pena. Continuam livres, leves, e soltos. E ricos.

E os felizardos que ficaram um bocadinho na prisão para, em seguida, como usuários de uma elegante tornozeleira, partirem para a prisão semiaberta?  São esses que me levaram a mencionar a simpática e inteligente dona Biloca, que teve uma ideia iluminada. Ela sugere que a prisão domiciliar não seja cumprida nas mansões, fazendas ou condomínios luxuosos dos ‘tornozelados’. Para que a Justiça fosse justa, segundo dona Biloca, o certo seria que os beneficiados com a prisão domiciliar fossem cumpri-la numa unidade do Minha Casa, Minha Vida, comprada e mobiliada pelos próprios.

A simpática e inteligente dona Biloca, ao lhe perguntarem se o ex-detido não podia ir viver, por exemplo, no Complexo do Alemão, primeiro recusou a sugestão em respeito aos moradores do Alemão. Mas depois observou que talvez o tiroteio nas madrugadas ajudasse na recuperação desses tipos: “Acorda! Este é o Brasil que você ajudou a construir”, diriam os tiros.

Dona Biloca, se dependesse de mim, a senhora seria a Ministra da Justiça do Brasil!


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat, desde agosto de 2005



sábado, 29 de julho de 2017

CHÁ DAS CINCO: MARIO QUINTANA


BILHETE



http://andrebrowncarica.blogspot.com/


Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...



***

A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.

***

A amizade é um amor que nunca morre.

***

Autodidata é um ignorante por conta própria.

***

De um autor inglês do saudoso século XIX: 
O verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro: 
um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente.

)

POLÍTICA/OPINIÃO: RUY FABIANO

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ILUSTRAÇÃO: ISTOCK


NA CORTE DO CRIME ORGANIZADO

Temer é coautor da herança maldita que administra. E até o ministro
que escolheu para geri-la, Henrique Meirelles, é parte do legado

Por Ruy Fabiano
Via Blog do Noblat
29/07/2017

O diagnóstico do Ministro Raul Jungmann, da Defesa, sobre o Rio de Janeiro – “um estado capturado pelo crime organizado” -, desde ontem sob intervenção militar, aplica-se, a rigor, a todo o país.

A começar por Brasília.

O que a Lava Jato tem exibido, há três anos, com minúcias de detalhes, não é outra coisa senão a degradação institucional decorrente da presença de criminosos, autônomos ou em quadrilhas, em alguns dos mais altos cargos da República, nos três Poderes.

Não começou com Temer, que nada mais é que a continuidade do governo anterior, do PT, em que figurou como vice.

Tal como Dilma, Temer foi imposto ao PT por Lula como o vice ideal para o avanço da obra petista. Os dois primeiros mandatos de Lula prepararam a máquina estatal, via aparelhamento, para o estágio seguinte, que seria o início do processo revolucionário.

Tudo isso está nas atas do 5º Congresso do PT, realizado em Salvador, em 2015. Lula construiu as bases da aliança com os países bolivarianos, integrantes do Foro de São Paulo, aos quais brindou com financiamentos do BNDES, para obras de infraestrutura e reaparelhamento da força militar. Preparou o ambiente.

A Força Aérea venezuelana, reequipada com verba brasileira, possui jatos russos de última geração capazes de fazer o trajeto Caracas-Brasília em 30 minutos. Os nossos fazem em 3,30 horas.

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RUY FABIANO

Internamente, Lula rejeitou, de início, a proposta de José Dirceu de aliança formal com o PMDB. Optou por comprar apoio no varejo, estratégia que vigeu até o advento do Mensalão, denunciado, em 2005, por um dos parceiros, o deputado Roberto Jefferson, do PTB, que se sentiu logrado na repartição do butim estatal.

Lula, apesar do escândalo, reelegeu-se. Mas aproximou-se mais do PMDB, tornando-o parceiro preferencial, passando a dispor de maior espaço na máquina estatal, da qual não mais se afastaria.

No governo Dilma, a parceria formalizou-se. E Temer, que presidia o PMDB e já havia presidido a Câmara diversas vezes, foi o ungido. Como virtuose do fisiologismo, cumpriria, como de fato cumpriu, o papel de garantir a coesão do partido.

A esse projeto se associou, com entusiasmo, o então governador do Rio, Sérgio Cabral, mais próximo de Lula e Dilma que qualquer outro governador petista. O resultado é conhecido.

O ponto fora da curva, nessa parceria que parecia indestrutível, foi o choque entre Dilma e Eduardo Cunha no segundo mandato da presidente. Nem Temer conseguiu (ou quis) contorná-lo.

Dele, resultou o impeachment e o olho gordo do PMDB em abocanhar sozinho o poder. Mas o staff do partido que serviu a Lula e Dilma é o mesmo que serve a Temer – inclusive os ministros demitidos por denúncias de corrupção: Geddel Vieira Lima, Romero Jucá, Henrique Alves, que integravam o núcleo duro palaciano.

Os que estão na marca do pênalti, citados em delações – Eliseu Padilha, Moreira Franco, Helder Barbalho -, também serviram ao PT. Sarney Filho (PV) e Gilberto Kassab (PSD), embora de outras legendas, sentem-se (e são) parte da mesma família, desde Lula.

Temer é, pois, coautor da herança maldita que administra. E até o ministro que escolheu para geri-la, Henrique Meirelles, é parte do legado. O que os distingue é que o PMDB não está comprometido com a causa revolucionária do Foro de São Paulo, o que explica a fúria de seus antigos aliados. Frustrou o projeto bolivariano.

“O Rio é o epicentro dessa ação. No período petista, o Brasil deixou
de ser apenas corredor de exportação da droga; tornou-se o segundo
consumidor de cocaína do mundo e o primeiro de crack”

O roubo petista ia além do simples propósito de tornar os seus agentes ricos (sem, claro, deixar de atendê-los). Visava, sobretudo, à sustentação de um projeto criminoso – e permanente - de poder. O roubo do PMDB é o convencional. Atende às demandas pessoais do infrator. O do PT, por ter em vista a causa revolucionária, de unir o continente pela esquerda, banalizou o milhão e o bilhão.

Chegou ao trilhão – e quebrou o país. Mas não apenas. Os vínculos com o narcotráfico, em especial as Farc, explícito nas atas do Foro de São Paulo, inaugurou um período de leniência na legislação penal e de forte estímulo ao crime organizado.

O Rio é o epicentro dessa ação. No período petista, o Brasil deixou de ser apenas corredor de exportação da droga; tornou-se o segundo consumidor de cocaína do mundo e o primeiro de crack. A inteligência do Exército já detectou que o país já é também produtor, abrigando aqui gente dos cartéis vizinhos.

O ministro Jungmann informou que o Estado Maior das Forças Armadas que se instalou no Rio – e deve permanecer até o final de 2018 – constatou que ao menos dois países vizinhos, cujo nome, por motivos óbvios, não pode ainda citar (mas que todos sabemos ser Bolívia e Colômbia), incorporaram o lucro do tráfico ao seu PIB.


Tornaram-se narcocracias e, como tal, tornam mais complexo o desbaratamento do crime organizado. O Brasil hoje é um imenso Rio de Janeiro, cuja capital está na Esplanada dos Ministérios.

IMAGENS: GUIGNARD


Auto-Retrato Vestido de Marinheiro
Auto-Retrato Vestido de Marinheiro (1930)

Reprodução fotográfica: Pedro Oswaldo Cruz



Auto-Retrato
Auto-Retrato (1931)
Reprodução fotográfica: Pedro Oswaldo Cruz


Jarra com Flores [Vaso com Flores]
Jarra com Flores [Vaso com Flores] - 1931
Reprodução fotográfica: autoria desconhecida



Flores

Flores (1932)
Reprodução fotográfica: José Paulo Monteiro Soares


Santa Cecília
Santa Cecília (1933)
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz

FOTOS: Enciclopédia Itaú Cultural


Alberto da Veiga Guignard (1896/1962) foi pintor, professor, desenhista, ilustrador e gravador. Sua produção compreende paisagens, retratos, pinturas de gênero e temática religiosa. Guignard marcou seu nome na história da arte como o grande paisagista do modernismo brasileiro. 

FOTOGRAFIAS: WALTER FIRMO



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"DRUMMOND" DE OLHO NA PAQUERA


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PIXINGUINHA


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PELÉ EM DIA DE SACI 



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CAREQUINHA PLANTANDO BANANEIRA


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TOM JOBIM TOCANDO FLAUTA 

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***



Walter Firmo Guimarães da Silva (Rio de Janeiro RJ, 1 de  junho de 1937). Fotógrafo, jornalista e professor. Autodidata, inicia sua carreira como repórter fotográfico no jornal Última Hora, no Rio de Janeiro, em 1957. Em seguida, trabalha no Jornal do Brasil e integra a primeira equipe da revista Realidade, lançada em 1965. Conquista o Prêmio Esso de Reportagem, em 1963, com a matéria “Cem Dias na Amazônia de Ninguém”. Como correspondente da Editora Bloch, em 1967, permanece por seis meses em Nova York. A partir de 1971, atua na área de publicidade, sobretudo para a indústria fonográfica. Nessa época, conhecido por suas fotos coloridas e por retratar importantes cantores da música popular brasileira, inicia pesquisas sobre festas populares e folclore nacional. Entre 1973 e 1982, é premiado sete vezes no Concurso Internacional de Fotografia da Nikon. Fotografa para as revistas Veja e IstoÉ e, nos anos 1980, começa a expor seus trabalhos em galerias e museus. De 1986 a 1991, é diretor do Instituto Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte - Funarte. Em 1994, leciona no curso de jornalismo da Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, e, desde então, coordena oficinas em todo o Brasil. Ganha a Bolsa de Artes do Banco Icatu, em 1998, com a qual vive durante meio ano em Paris. No fim da década de 1990, torna-se editor de fotografia da revistaCaros Amigos. Entre seus livros, destacam-se Walter Firmo - Antologia Fotográfica, 1989, Paris, Parada Sobre Imagens, 2001, Rio de Janeiro Cores e Sentimentos, 2002, e Firmo, 2005.



VEJA TAMBÉM

Praia Grande e Senzala

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FOTOGRAFIA, SENSIBILIDADE E TALENTO. 
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RAPIDÍSSIMAS

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ILUSTRAÇÃO: ISTOCK

FIDELIDADE

Verdade seja dita: Isaura sempre traiu Osório. Mas só em pensamentos.

SEJA FELIZ

Dispense o reconhecimento alheio.

CONSOLO

Que, cedo ou tarde, o mundo vai acabar é uma hipótese plausível. Mas não estarei por aqui para assistir ao espetáculo.

DIVÓRCIO

Ela nunca deu motivos para ele ir embora. Precavida, foi antes.

DESCULPA

- Querida, vou dar um instantinho no bar para regar meus planos.

GOSTOS

As mulheres, em geral, vão às compras; os homens, aos copos.

CULTURA DE SOVACO

Passou a vida carregando livros sob os braços.

PREÇO

Solidão não mata, mas não prescinde de fantasias.

NA LATA

- Meu caro,  é sempre desprazer reencontrá-lo.


PODER

É fácil ser permissivo com o dinheiro alheio.

PODER (2)


Quem não tem recurso faz discurso.

***

LEIA TAMBÉM

Na minha idade, não vou permitir que óculos me roubem o prazer de só ver ao longe aquilo que minhas lembranças e imaginações me permitem avistar. Melhor assim. 
Por Orlando Silveira
https://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/07/olhos-de-lince.html#comment-form
  

AS CHARGES DO DIA


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SPONHOLZ



Charge do dia 29/07/2017
MIGUEL - JORNAL DO COMMERCIO (PE)


Charge (Foto: Chico Caruso)
CHICO CARUSO - O GLOBO


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SPONHOLZ


FRANK - A NOTÍCIA (SC)





NICOLIELO - JORNAL DE BAURU (SP)


NANI - A CHARGE ON-LINE


PATER - A TRIBUNA (ES)


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VERONEZI - CORREIO POPULAR (CAMPINAS)


POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO BOECHAT

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MAIA: NA TRILHA DO SOGRO

GASTOS PÚBLICOS:
BURRICE, VÍCIO OU CEGUEIRA?

As viagens nacionais de Temer envolvem um Airbus A319
(mais de 200 passageiros na configuração comercial),
um EMB190 (100 lugares) e dois helicópteros de grande porte.
Um aparato de fazer inveja ao presidente americano,
o político mais visado do mundo

Por Ricardo Boechat
IstoÉ – 28/07/2017

Um governante com as taxas de rejeição de Michel Temer (70%, segundo o Ibope) não pode se dar ao luxo de descartar agrados à população. Mesmo que bons gestos sejam incapazes de produzir milagres – não foi ele que liberou as contas inativas do FGTS? – é melhor fazê-los do que desprezá-los.

Isto posto, cabe tentar entender o que o inquilino acuado no Planalto está esperando para acabar de uma vez por todas com a impopular orgia aérea na qual seus ministros e outros premiados da República se lambuzam à exaustão, cruzando em jatinhos da FAB os céus do País com 14 milhões de desempregados e um déficit publico insolúvel.

É verdade que a atual camarilha brasiliense não inaugurou o abuso, praticado desde o nascimento do Grupo de Transporte Especial, criado pela Aeronáutica em 1957 para gozo do chefe de Estado e “demais autoridades”.

Ano passado, quando mais de 2.500 deslocamentos desse tipo foram realizados, pacientes nas filas de transplantes morreram porque o mesmo GTE recusou-se a transportar órgãos de doadores. Um decreto parido pela repercussão do crime determinou que um jato oficial passasse a cuidar de tais emergências, mas manteve os outros 14 da esquadrilha a serviço dos figurões. E eles têm deitado e rolado.

Só no primeiro trimestre, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez 30 voos para passar os fins de semana no Rio de Janeiro. Seu sogro, Moreira Franco, e Henrique Meirelles, da Fazenda, também usuários contumazes da mordomia, cumpriram rota idêntica na sexta-feira, 14 de julho, regressando a Brasília no domingo seguinte. Ambos usaram aviões individuais, na ida e na volta.

De janeiro a março deste ano, 519 voos do gênero decolaram da Capital com sultões a bordo, a maioria a caminho de casa. Basta uma canetada de Temer para por fim ao milionário bacanal.

E ele pode começar a faxina dando o exemplo: as viagens nacionais de Sua Excelência envolvem um Airbus A319 (mais de 200 passageiros na configuração comercial), um EMB190 (100 lugares) e dois helicópteros de grande porte. Um aparato de fazer inveja ao presidente americano, o político mais visado do mundo.


Ricardo Boechat

Ricardo Boechat é apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, colunista da revista ISTOÉ e ganhador de três prêmios Esso.

POLÍTICA/OPINIÃO: MARCO ANTÔNIO VILLA

Charge (Foto: Antonio Lucena)
PRIORIDADE É PRIORIDADE(ARTE: ANTONIO LUCENA)

TEMER: UM PRESIDENTE ANTIRREPUBLICANO

 Todas as benesses oficiais têm o intuito de manter a todo custo 
Michel Temer na Presidência da República. O equilíbrio financeiro,
 a qualidade do gasto público, o respeito às alocações de recursos 
de acordo com o orçamento nacional foram deixados de lado

Por Marco Antônio Villa
IstoÉ – 28/07/2017

O governo está fazendo de tudo para se manter no poder. Usa e abusa dos velhos métodos do “é dando que se recebe”, expressão adaptada para os costumes políticos brasileiros pelo deputado Roberto Cardoso Alves, nos anos 1980, quando José Sarney fez de tudo — de tudo, mesmo — para obter dos constituintes o mandato presidencial de cinco anos. As emendas parlamentares — grande parte delas, absolutamente inócuas em termos de desenvolvimento econômico — foram liberadas a rodo, somente para agradar os deputados que vivem de pequenos negócios nas suas bases eleitorais. Nomeações foram entregues à sanha daqueles ávidos em ocupar espaços na máquina pública para obter recursos às suas campanhas eleitorais — e obter recursos no sentido do Congresso Nacional, ou seja, recebendo propinas e desviando recursos públicos.

Ao estado do Rio de Janeiro, Michel Temer resolveu abrir a burra de forma escandalosa. Impôs ao BNDES um empréstimo para pagar os salários atrasados dos funcionários públicos. Até seria uma boa medida se o País vivesse numa bonança econômica, se os outros estados em situação semelhante fossem também beneficiados e, principalmente, se impusesse uma devassa nas contas públicas e apurasse severamente os atos de corrupção — e, nesse caso, deveria cumprir o que determinam os artigos 34 a 36 da Constituição. Nada fez. Muito pelo contrário, resolveu até conceder recursos generosos às escolas de samba, isso em um estado que sequer possui nos prontos-socorros material cirúrgico básico.

Todas as benesses oficiais têm o intuito — único intuito — de manter a todo custo Michel Temer na Presidência da República. O equilíbrio financeiro, a qualidade do gasto público, o respeito às alocações de recursos de acordo com o orçamento nacional foram deixados de lado.

Na política do vale tudo o que interessa é comprar os votos dos deputados impedindo que o STF possa apreciar (recebendo ou não) a denúncia da PGR de corrupção passiva que pesa sobre os ombros do presidente da República.

A equipe econômica já está protestando. Sabe que as medidas são injustificáveis e colocam em risco os rumos da recuperação — ainda que tímida — da economia. O déficit orçamentário deve aumentar. O recente aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis não irá resolver o problema. Mas o governo só pensa em uma coisa: permanecer a qualquer preço no poder.

Todas as benesses oficiais têm o intuito — único intuito — de manter a todo custo Michel Temer na Presidência da República.


Marco Antonio Villa


Marco Antônio Villa é historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)