A IMAGEM É TUDO?
Clóvis Campêlo |
Surgida
na Idade Média por uma necessidade dos pintores renascentistas de copiar com
perfeição os cenários da vida real, a câmera escura terminou por evoluir para a
invenção da máquina fotográfica. Nesse sentido, muito contribuíram as
descobertas científicas desde aquela época.
De
início, porém, a grande dificuldade era fixar as imagens fugidias e
eternizá-las em qualquer suporte físico. Assim, depois de grandes experimentos
e invenções, chegaram artistas e cientistas ao papel quimicamente trabalhado,
que durante anos foi a moldura ideal para as imagens capturadas.
Hoje,
quando as imagens foram desmaterializadas e existem ou no mundo virtual ou no
espaço magnético das máquinas fotográficas atuais, tudo isso nos parecerá muito
romântico.
Mas,
a vida dos grandes fotográficos desde então, nunca foi fácil. Pois, além da
simples documentação imagética de pessoas e acontecimentos, a eles também
caberia a obrigação de personalizá-las e diferenciá-las de uma fotografia
simplesmente reprodutiva.
Por
si só, um simples objeto pode ter a sua imagem apreendida de várias maneiras,
influenciado aí, no ato de fotografar, não só o enquadramento, como a
contextualização e a bagagem de conhecimentos do fotógrafo em relação ao que
documenta e à sua importância histórica ou social.
Por
outro lado, a fotografia pode ser importante esteticamente ou simplesmente pelo
valor documental e histórico que pode carregar nas suas informações.
Fotografar,
portanto, não é simplesmente fazer com que o tempo e o espaço morram
dimensionalmente contidos naquela moldura. Essa importância histórica ou
estética também não dependerá diretamente da qualidade do equipamento ou da
maquinaria utilizada. A sensibilidade do fotógrafo, aí, sempre será o elemento
de maior importância e relevância.
Antes
de chegarmos à fotografia digital, durante muitos anos usamos a fita celuloide
para a obtenção de imagens. Nos anos 60, com a ideia do “make yourself”,
lançada pela Kodak, as máquinas foram simplificadas e tornaram-se acessíveis a
qualquer pessoa que quisesse exercitar a sua capacidade de fotografar.
Essa
nova “revolução” fez com que a fotografia se popularizasse no mundo e criasse
um caminho informativo de mão dupla, inverso à monopolização inicial.
Hoje,
mais do que nunca, com as imagens digitalizadas e definitivamente acessíveis a
todos, transformou-se a nossa percepção do mundo, tanto no que se refere ao
micro quanto ao macrocosmos, bem como ao universo particular de imagens criadas
ou imaginadas que cada um traz dentro da sua cabeça.
Que
cada um seja definitivamente dono do seu momento decisivo! (Recife,
maio/2014)
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