sábado, 7 de junho de 2014

CLÓVIS CAMPÊLO

A IMAGEM É TUDO?


Clóvis Campêlo


Surgida na Idade Média por uma necessidade dos pintores renascentistas de copiar com perfeição os cenários da vida real, a câmera escura terminou por evoluir para a invenção da máquina fotográfica. Nesse sentido, muito contribuíram as descobertas científicas desde aquela época.

De início, porém, a grande dificuldade era fixar as imagens fugidias e eternizá-las em qualquer suporte físico. Assim, depois de grandes experimentos e invenções, chegaram artistas e cientistas ao papel quimicamente trabalhado, que durante anos foi a moldura ideal para as imagens capturadas.

Hoje, quando as imagens foram desmaterializadas e existem ou no mundo virtual ou no espaço magnético das máquinas fotográficas atuais, tudo isso nos parecerá muito romântico.

Mas, a vida dos grandes fotográficos desde então, nunca foi fácil. Pois, além da simples documentação imagética de pessoas e acontecimentos, a eles também caberia a obrigação de personalizá-las e diferenciá-las de uma fotografia simplesmente reprodutiva.

Por si só, um simples objeto pode ter a sua imagem apreendida de várias maneiras, influenciado aí, no ato de fotografar, não só o enquadramento, como a contextualização e a bagagem de conhecimentos do fotógrafo em relação ao que documenta e à sua importância histórica ou social.

Por outro lado, a fotografia pode ser importante esteticamente ou simplesmente pelo valor documental e histórico que pode carregar nas suas informações.

Fotografar, portanto, não é simplesmente fazer com que o tempo e o espaço morram dimensionalmente contidos naquela moldura. Essa importância histórica ou estética também não dependerá diretamente da qualidade do equipamento ou da maquinaria utilizada. A sensibilidade do fotógrafo, aí, sempre será o elemento de maior importância e relevância.

Antes de chegarmos à fotografia digital, durante muitos anos usamos a fita celuloide para a obtenção de imagens. Nos anos 60, com a ideia do “make yourself”, lançada pela Kodak, as máquinas foram simplificadas e tornaram-se acessíveis a qualquer pessoa que quisesse exercitar a sua capacidade de fotografar.

Essa nova “revolução” fez com que a fotografia se popularizasse no mundo e criasse um caminho informativo de mão dupla, inverso à monopolização inicial.

Hoje, mais do que nunca, com as imagens digitalizadas e definitivamente acessíveis a todos, transformou-se a nossa percepção do mundo, tanto no que se refere ao micro quanto ao macrocosmos, bem como ao universo particular de imagens criadas ou imaginadas que cada um traz dentro da sua cabeça.

Que cada um seja definitivamente dono do seu momento decisivo! (Recife, maio/2014)






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