quarta-feira, 31 de agosto de 2016

INSTANTES: ANA ANDRADE


Pudesse eu reter-te
no espelho das madrugadas,
escreveria o mar
despindo-se no crepúsculo
que o meu pensamento abraça...



ANA ANDRADE


SILÊNCIO DE CRISTAL

Uma lágrima
frágil e delicada
irrompe
sobre os horas amarrotadas...
como um rio
embebe
as planícies sombrias
e alaga a saudade,
que precede
o meu olhar cerrado de melancolia.
Um adeus
esconde-se nas palavras
de um poema,
refrigerio
de um poente
de sílabas antigas...
perdidas na distância
dos desertos que me habitam.
Um nome
sussurrado nas vigílias
propaga-se
sobre os telhados enlaurados,
à espera de um milagre
que desfaça os dias indesejados...
e renove a doçura,
desgastada pelo desaguar
dos silêncios de cristal.

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