sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

BRUNO NEGROMONTE

Sob o comando de João Taubkin, os músicos Bruno Tessele e Zeca Loureiro, formam o João Taubkin Trio.
Anotem esta receita: pegue uma boa dose de baixo acústico, acrescente uma vigorosa bateria e depois misture generosas medidas de guitarras e violões. Pronto! O resultado final pode ser degustado em nove generosas e bem deitas porções presentes no álbum "Tribo", cujo menu traz características tão peculiares que torna mais que apetitosa a sonoridade produzida por este entrosado trio. Além disso, não pode-se esquecer ainda que toda receita tem aquele toque especial que a difere de tantas iguais. Neste caso específico, acrescenta-se ao suingue existente o 'know how' de cada um dos integrantes adquiridos pelos projetos paralelos de cada um. A junção destes individuais temperos dá ao João Taubkin Trio o requinte e a sofisticação necessária para transformá-lo em sinônimo de bom gosto e prazer. A ideia de criação deste projeto surgiu e ganhou força ao final de 2009, mas só em 2011 é que de fato teve início a trajetória do trio. Neste intervalo João procurou constituir os moldes daquilo que viria a ser o seu desejo a partir de algumas composições entre outros ajustes que daria ao trio a cara que ele buscava adequar a partir da bagagem de cada um dos integrantes. A mescla das diversas influências musicais, gêneros e estilos resultou nesta instigante sonoridade produzida por este "power trio". Uma música que não prende-se a rótulos ou fronteiras, distinguindo-se a partir de uma nova concepção sonora que abrange os mais distintos elementos que vão desde o rock and roll, perpassando pela música africana, até de chegar as fonte das influências brasileiras.
João Taubkin, como instrumentista vem agregando vários momentos à sua carreira solo desde 2002, quando participou da gravação do CD "Danças, jogos e canções", da Orquestra Popular de Câmara. De lá pra cá atuou nos mais distintos trabalhos ao lado de músicos como Beto Villares, o grupo pernambucano Bongar, o argentino Carlos Aguirre, Mônica Salmaso, o marroquino Mehdi Nassouli, Paulo Moura, Léa Freire, Siba, Itamar Doari (Israel), Luiz Brasil, Madhup Mudgal (Índia), Laurence Revey (Suíça) entre outros. Além disso, seu nome figura em dezenas de títulos de álbuns lançados nos últimos anos aqui no Brasil. São discos de artistas como 'Circo de pulgas', de Fabio Barros em parceria com o Grupo Grão; 'São Mateus não é um lugar tão longe', do cantor e compositor Rodrigo Campos; o projeto 'Macunaíma Ópera Tupi', da paulista Iara Rennó; “Entremeados” (álbum já abordado aqui por mim em outro momento) da musicista Júlia Tygel entre outros. Sem contar que o musicista, além de integrar a banda do pai, participa também de outras atividades musicais ao lado de nomes como Théo de Barros e chegou a integrar a banda Afroelectro, tudo isso levando-o a apresentações em vários locais tanto no Brasil quanto em países como Áustria, Coreia do Sul, Espanha, Israel, Marrocos, Polônia e Suíça.
Já Bruno Tessele nasceu no Rio Grande do Sul e estudou, como aluno bolsista, na conceituada Berklee College of Music, uma das maiores faculdades de música independente do mundo. Atualmente residindo em São Paulo, atua também ao lado de nomes, dentre tantos, como Marcos Paiva, Jorginho Neto, Ana Gilli, Speakin Jazz Big Band e Eliana Pittman. Ao seu currículo soma-se a experiência de ter tocado ao lado de nomes como Teresa Cristina, Filipe Catto, Arícia Mess, Elza Soares, Célia, Walmir Gil, Thiago Espírito Santo, Raul de Souza entre outros; e a participação em projetos como o CD e DVD “In Concert” do músico Gustavo Assis Brasil, o cd “Na Hora” do guitarrista Michel Leme, o cd “Sintoma” de Alex Corrêa e Adauto Dias, uma música para a edição Coreana do cd “A Kind Of Bossa” do cantor Rodrigo Del Arc entre outros. Além de todos estes trabalhos Tessele ainda lesiona no Conservatório Souza Lima e escreve para a Revista Modern Drummer Brasil.
E por fim Zeca Loureiro, que tem por principais influências nomes como The Beatles, Queen e Stevie Wonder. É casado com a cantora Nô Stopa, com a qual forma a dupla folk 2 of uS. Além dessa parceria com a esposa soma-se à sua experiência musical em participações ao lado dos mais diversos nomes dentro do cenário musical brasileiro como o da cantora e compositora Vanessa Bumagny, o do cantor e compositor Zé Geraldo (com o qual gravou o DVD “Cidadão 30 e poucos anos”) e do ator, poeta, cantor e produtor paulista André Mastro (artista já apresentado em nosso espaço juntamente com o seu projeto “Sem Descanso”). Vale salientar que o músico é irmão do conceituado multi-instrumentista e compositor Kiko Loureiro, que além de guitarrista da banda de metal melódico Angra, vem atuando também de modo individual como no DVD que Zeca participa. Como vocalista e guitarrista da banda Jukabala gravou o disco “3 da Madrugada”, tendo a música 'Nós dois' como parte integrante da trilha sonora do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo. Além de tudo isso Loureiro também atua na composição de trilhas para filmes publicitários para películas cinematográficas, tal qual a trilha sonora do curta-metragem Minami em close-up foi premiado no Festival Internacional de Cinema da Bahia.
“Tribo” chega como fruto do encontro e da soma dessas experiências paralelas e tantas outras vivenciadas por João Taubkin ao longo de quase duas décadas. Imbuído de uma capacidade, digamos Xamã, ele foi capaz de agregar os elementos precisos nesta alquimia rítmica que faz de cada faixa presente um experimento musical preciso neste “ritual de passagem” como o próprio músico define este seu debute fonográfico. Gravadas (todas ao vivo), mixadas e masterizadas por Zé Godoy. As nove faixas presentes no álbum são resultado de uma extensa gama de influências exercidas pelos inspiradores encontros estrada afora e externadas a partir de suas composições. É possível encontrar os mais diferentes gêneros musicais nesta simbiose sonora sem se que se perca a unidade proposta. Nesta receita há música africana, jazz, música popular brasileira e rock. Empunhando seu baixo João, conta neste projeto com os temperos de Ricardo Herz (que toca violino na faixa 'Alô irmãos!') e do seu pai Benjamim Taubkin, ao Rhodes. É válido deixar registrado também que todas as faixas do projeto são ornamentadas com os vocais do autor, que sob efeitos diversos, não só improvisa mas também transforma esta hibrida receita idealizada por João em um verdadeiro Manjar dos Deuses.
Fica aqui para audição dos amigos fubânicos duas faixas do excelente disco do trio. A primeira trata-se de "Ponto de mutação", canção que traz um pouco daquilo que o trio é capaz de fazer:
A segunda canção trata-se da não menos contagiante "Trifonia":

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