domingo, 1 de setembro de 2013

A MULHER DE CÉSAR CAIU NA VIDA

À mulher de César, como se sabe, não bastava ser honesta. A coitada tinha que convencer os outros de sua probidade. Ou seja: tinha que parecer honesta também. A propósito, “parecer” costuma ter mais valor que “ser”. Mas esta é outra conversa.

Muita gente importante nunca deu bola alguma para essa coisa de ser correto. Mas, de olho nos votos e na lei, jamais descuidou da boa imagem. É por essa razão que, de tempos em tempos, nos chocamos quando um gaiato famoso é pego em flagrante: “Nossa, ele parecia tão honesto, era tão implacável com os corruptos.” Demóstenes Torres está aí, para confirmar o descompasso entre o “ser” e o “parecer”.

Mas, como vivemos sob o império da desfaçatez, há muita gente que já não faz nenhuma questão de esconder seus reais interesses. O sujeito faz cara de safado, fala como safado e age como safado. Ora, um sujeito assim só pode ser safado. Que vantagem alguém leva em se apresentar como pilantra sem que seja pilantra? A não ser que queira impressionar seus parceiros de cela, uma coisa dessas não faz sentido.

Esta gente age como uma hipotética mulher de César, que caiu na vida e faz propaganda de seu desvio. Mas só trata do preço dos prazeres que proporciona entre quatro paredes.  (2012)


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