Ilustração: Dreamstime |
VAMPIROS DO POVO
Parlamentares, magistrados, altos funcionários não
têm vergonha de aumentar gastos públicos para
seu próprio beneficio, mesmo
durante
uma de nossas maiores crises
Por Nelson Motta
O Globo – 08/06/2018
Foi o fracasso administrativo,
econômico e ético dos governos Dilma e Temer que abriu espaço para um Jair
Bolsonaro. Ou algum aventureiro que ainda apareça.
Os culpados pela desilusão popular
que se transformou em ódio aos políticos são eles mesmos. Enquanto o governo
corta dinheiro do SUS e da educação, não se tem noticia de um mínimo gesto de
qualquer um dos Três Poderes, para diminuir suas despesas que afrontam a
penúria popular.
Parlamentares, magistrados, altos
funcionários não têm vergonha de aumentar os gastos públicos para seu próprio
beneficio, mesmo durante uma das maiores crises de nossa história, provocada
por um desastre econômico combinado a uma corrupção sistêmica, e protagonizado
por políticos e funcionários, com o beneplácito ou a inação do Judiciário.
Quem decide os salários e vantagens
dos parlamentares? Eles mesmos.
Quem fixa os vencimentos e bônus
dos juízes? Eles mesmos.
E do governo central? Eles mesmos.
O que são essas bonificações por
“triênios”, “licença-prêmio” e outras bandalhas que juízes e o funcionalismo
abocanham com a ajuda dos políticos? O cara ganha uma bonificação porque cumpre
o seu dever? Mas não é sua obrigação? Não é seu contrato, que justifica o
salário que recebe? Aqui qualquer funcionário mequetrefe tem carro e motorista.
Já os ministros da Suprema Corte americana andam de táxi ou de metrô. Aqui,
castigo de juiz ladrão é aposentadoria com salário integral. E o CNJ não se
envergonha?
O dinheiro que cada cidadão paga ao
Estado parece uma abstração, números, mas é fruto de trabalho, de horas e dias
e meses de esforço, de chateação, de repetição, de calor e de frio, de dor e
suor. De tempo de vida! Para sustentar a boa vida dessa gente?
Vou votar em quem não só prometa,
mas mostre como fará, assuma o compromisso público de acabar com todas essas
vantagens bilionárias e indecentes que beneficiam os Três Poderes. Antes de
qualquer coisa, de planos de governo, de projetos grandiosos, de grandes ações
sociais.
Seria a prova constitucional de que
todos os cidadãos são iguais perante a lei na hora de pagar a conta.
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