Ilustração: Amorim |
ESTATAIS A SERVIÇO DO BRASIL
Não é possível falar em história do desenvolvimento
econômico brasileiro no século XX sem falar do Estado.
Foi ele o grande indutor da economia
Por Marco Antonio Villa
IstoÉ – 08/06/2018 – 18h
A greve dos caminhoneiros recolocou
a questão da privatização da Petrobras e — por tabela — de todas as estatais. O
tema entrou na pauta meio de contrabando. Afinal, a questão envolvia diversas
questões e o ataque às empresas estatais foi somente mais um pretexto na longa
luta em defesa do que os liberais chamam de Estado enxuto. Os liberais
brasileiros sempre foram meio fora da curva clássica: apoiaram ditaduras,
fecharam os olhos às graves violações dos direitos humanos, à censura e, quando
lhes convinham, à presença estatal na economia.
Não é possível falar em história do
desenvolvimento econômico brasileiro no século XX sem falar do Estado. Foi ele
o grande indutor da economia. Qual empresário quis fundar a Companhia
Siderúrgica Nacional? E a Petrobras? E a Embraer e a Embratel? E a vale do Rio
Doce? E Itaipu? A lista é quilométrica e, para economizar espaço, fico somente
nessas empresas.
Todas elas exigiram investimentos
de longa maturação e, inicialmente, as taxas de lucros eram baixas. Tudo o que
o empresariado brasileiro não gosta.
O lucro fácil é o seu principal
objetivo e a história do Brasil é farta em exemplos que reforçam essa
afirmação. Portanto, não estamos no terreno da ideologia, mas sim trabalhando
com dados muito conhecidos e inquestionáveis.
Ao longo do tempo — e é um problema
sério — as empresas estatais foram ocupando espaços que deveriam estar
reservados à iniciativa privada. É um fato. Também as estatais foram perdendo
seus objetivos originais e acabaram, boa parte delas, tomadas por interesses
político-partidários, o que também é um fato de conhecimento geral.
O grande desafio é recolocá-las no
seu papel de indutoras do desenvolvimento. Entregá-las de mãos beijadas para
investidores, principalmente estrangeiros, será um crime de lesa-pátria
Sendo assim, a questão que se
coloca não passa pela privatização indiscriminada de todas as estatais, pelo
grito inconsequente de privatize tudo. Não! O Estado, até por razões de
segurança nacional, mas não só, tem de continuar controlando com eficiência e
competência setores que são fundamentais para o País. É urgente despartidarizar
as estatais, limpá-las da corrupção e colocá-las a serviço do desenvolvimento
nacional. Essas empresas não devem ser dirigidas com o objetivo de atender
prioritariamente os investidores. Se agirem assim é melhor que deixem de ser
estatais. O grande desafio é recolocar as estatais no seu papel de indutor do
desenvolvimento. Entregá-las de mãos beijadas para investidores —
principalmente estrangeiros — será um crime de lesa-pátria.
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