HOMEM DE FÉ
Sol inclemente, chuva teimosa insistindo em não cair. Promessas,
joelhos ralados de tanta reza e nada de chuva. Padre Melquíades convoca a todos
para uma oração forte, em frente à Igreja, todos unidos. Os santos haveriam de
ficar sensibilizados com tamanha devoção. E todos vão. Até a mulher do homem do
Cartório, não afeita a orações e descrente de tudo, lá estava acompanhando toda
a população da pequena cidade. Ao final de 2 horas de ave-marias, pai-nossos e
salve-rainhas, nem um céu escuro ajudava o povo a crer na chuva bendita.
Voltaram todos. Paulo, o único a levar guarda-chuva, também se foi, com sua fé
enrolada embaixo do braço. Enxutos: ele, o guarda-chuva e sua fé solitária e
inabalável. (Xico Bizerra)
Xico Bizerra é compositor, poeta, cronista e produtor musical. |
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