terça-feira, 3 de dezembro de 2019

QUASE HISTÓRIAS: ARGEMIRO FOI COM AS OUTRAS E SE DEU (QUASE) MUITO BEM

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Ilustração: arquivo Google


Argemiro nunca foi aluno brilhante. Do antigo primário à faculdade, o máximo que conseguiu foi assegurar, quando muito, uma vaga no grupo dos que não cheiram nem fedem. Ou seja: um lugar no pelotão dos medíocres. Ele também nunca se destacou pela capacidade profissional. Não obstante, conseguiu subir na vida, como diz o vulgo. Agradecido, reconhecia que devia muito de sua ascensão ao velho e falecido pai, um ex-comunista metido a estrategista de botequim.
Desde cedo, o pai lhe ensinou algumas coisas, entre as quais:

(1)  Nunca emitir opiniões sobre assuntos polêmicos: política, religião e futebol, por exemplo. Que benefício lhe traria se posicionar sobre aborto, casamento gay, liberação da maconha e temas afins? Nenhum, evidentemente.

(2)  Agora, na impossibilidade de permanecer calado, concordar sempre com a opinião do mais forte. Afinal, um comuna legítimo sabe que é preciso beijar a mão que não pode cortar.

(3)  Que jamais se preocupasse em ser rotulado de Maria vai com as outras. O que importa é desfrutar de bom dinheiro para levar vida confortável e garantir uma velhice sem grandes sobressaltos.

E assim foi feito. Argemiro engoliu sapos e mais sapos, muitos dos quais amarrados com arame farpado. Paciência. Como o velho e sábio pai lhe dizia: “Ter opiniões incisivas sobre tudo é coisa só para gente bem-nascida. Sufoque o ser para ser.” Quanta sabedoria!

Aposentado e viúvo, com os dois filhos morando no exterior, Argemiro gosta de acompanhar o noticiário. Diante de assuntos polêmicos e discussões mais acaloradas, nunca sabe de que lado está. Afinal, não há mais ao seu lado um poderoso com quem possa concordar. Mas, pensando bem, que importância tem isso? (OS - Atualizado em DEZEMBRO de 2019)

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