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RAZÃO DE SER
Escrevo.
E pronto.
Escrevo
porque preciso,
preciso
porque estou tonto.
Ninguém
tem nada com isso.
Escrevo
porque amanhece,
E as
estrelas lá no céu
Lembram
letras no papel,
Quando
o poema me anoitece.
A
aranha tece teias.
O
peixe beija e morde o que vê.
Eu
escrevo apenas.
Tem
que ter por quê?
M. DE MEMÓRIA
Os
livros sabem de cor
milhares
de poemas.
Que
memória!
Lembrar,
assim, vale a pena.
Vale
a pena o desperdício,
Ulisses
voltou de Tróia,
assim
como Dante disse,
o
céu não vale uma história.
um
dia, o diabo veio
seduzir
um doutor Fausto.
Byron
era verdadeiro.
Fernando,
pessoa, era falso.
Mallarmé
era tão pálido,
mais
parecia uma página.
Rimbaud
se mandou pra África,
Hemingway
de miragens.
Os
livros sabem de tudo.
Já
sabem deste dilema.
Só
não sabem que, no fundo,
ler
não passa de uma lenda.
PARADA CARDÍACA
Essa
minha secura
essa
falta de sentimento
não
tem ninguém que segure,
vem
de dentro.
Vem
da zona escura
donde
vem o que sinto.
Sinto
muito,
sentir
é muito lento.
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Paulo
Leminski Filho (Curitiba PR 1944 - idem 1989). Poeta, romancista e tradutor. Aos
12 anos, ingressa no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e adquire
conhecimentos de latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963,
abandona a vocação religiosa. Viaja a Belo Horizonte para participar da Semana
Nacional de Poesia de Vanguarda e conhece Augusto de Campos, Décio Pignatari e
Haroldo de Campos, criadores do movimento Poesia Concreta.
No
ano seguinte, publica seus primeiros poemas na revista Invenção, editada pelos
concretistas, e torna-se professor de história e redação em cursos
pré-vestibulares, experiência que motiva a criação de seu primeiro romance,
Catatau (1976). Leminski também atua como diretor de criação e redator em
agências de publicidade, o que contribui para sua atividade poética, sobretudo
no aspecto da comunicação visual. Fascinado pela cultura japonesa e pelo
zen-budismo, Leminski pratica judô, escreve haicais e uma biografia de Matsuo
Bashô. O interesse pelos mitos gregos, por sua vez, inspira a prosa poética
Metaformose.
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