terça-feira, 1 de março de 2016

BEIÇOLA


Noite gelada. O homem parou para comprar cigarros na padaria. E ele, como sempre, estava lá, com seu cachorro, companheiro inseparável de todos os segundos, enrolado por uma manta tão suja e puída quanto suas roupas, sentado no degrau do sobrado vizinho. Todos o conheciam, e dele gostavam. Raramente, ele pedia algo a alguém, mesmo para os conhecidos. Naquela noite, pediu um cigarro ao homem.

O homem entrou na padaria, tomou um trago, pediu ao rapaz da chapa que fizesse um bauru caprichado para viagem, comprou cigarros e fósforos. Voltou para o balcão, tomou mais um trago, noite fria demais, de trincar ossos.

Na saída, o homem disse a ele:

-- Comprei um maço de cigarros e fósforos para você. Este lanche também é seu, coma, está quentinho, vai-lhe fazer bem. Você precisa comer, não pode só beber.

Agradecido, ele enfiou o maço de cigarros e a caixa de fósforos no bolso do casaco. Deu uma mordida no lanche, mastigou, mastigou, engoliu a pulso:

-- Está muito gostoso, mas não consigo comer. Posso dar o restante para o cachorro, o senhor não me leva a mal? Ele tem mais fome que eu.

-- Claro que não.

-- Muito obrigado. Vá com Deus. (OS - 2014)



2 comentários:

  1. Lindo dia e obrigada amigo pela a colaboração lei tudo e gosto bjus, sucesso sempre...!

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    1. Obrigado. Ainda bem que você gosta do que escrevo. Um lindo dia pra você também.

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