(Da série A ética do cruz-credo)
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O cara nunca tomava condução.
Por isso – e também por isso – era um caipira neste mundo
metropolitano de nosso Deus. Nunca teve “bilhete único”. Nem semanal. Nem
mensal. Nem menstrual – coisa que o prefeito de São Paulo, moço novidadeiro,
logo inventa. Afinal, a conta é sempre nossa. Para moças em situação de
incômodo, a Prefeitura lhes dará o céu e seu amor também.
Entrou no coletivo. Viu o preço da passagem na tabuleta: R$ 3,00.
Sacou duas notas de R$ 2,00. Recebeu uma moeda de R$ 1,00 de troco. Tudo certo,
não é? Qual o quê! O cobrador o impediu que ultrapassasse a roleta, lhe indicou
um banco vazio na parte dianteira do ônibus. E quase ordenou: “Saia pela porta
da frente”.
-- Mas, como? Paguei a passagem, tem banco livre lá atrás, não sou
inválido, não sou velho suficiente pra andar de graça em coletivo, não sou
mulher prenhe... Vou descer no ponto final. O fiscal vai me pegar. Que porra é
essa?
-- Fica frio, tio. O fiscal é nosso. R$ 1,00 é dele; R$ 1,00 é meu; R$
1,00 é do motorista. O Natal está aí. Vai estragar?
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