Imagem: Google |
O
neto ligou para a avó, a quem não via há mais de dois anos.
--
Nona: tudo bem? É Pierino, seu neto.
-- Eu sei. Pensei que não tivesse mais neto...
Se eu morro, você fica sabendo pelo anúncio no jornal.
--
A vida está corrida. Mas estou indo aí,
para visitá-la. Vou levar a Jussara para a senhora conhecer.
--
Quem é essa?
--
Minha nova mulher.
--
Coitada. Mais uma vítima. Mas venham.
--
Daqui a meia hora estaremos na sua casa.
--
No prédio, as coisas mudaram um pouco. Quando você chegar, aperta com o
cotovelo o porteiro eletrônico. Abro a porta aqui de cima. Depois, no elevador,
aperta com o cotovelo o 3. Moro no 32. Quando chegar, toca com o cotovelo a
campainha. Entendeu?
--
Entendi, entendi. Só não entendi por que tenho que apertar todos os botões com
o cotovelo.
--
Cáspita! Você fica sem aparecer mais de dois anos e me vem com as mãos
abanando?
E POR FALAR EM NONA...
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O
Nono estava no bico do corvo. O médico chamou a família:
--
O quadro do Nono é gravíssimo, irreversível. Não temos mais nada a fazer por
ele. Melhor levá-lo para casa, para que ele possa ficar perto dos filhos, netos,
bisnetos...
E
assim foi feito.
A
casa do Nono parecia um Corinthians X Palmeiras, de tão lotada.
Embora
moribundo, o Nono mantinha faro apurado. Chamou um dos bisnetos e lhe disse:
--
Vai até a cozinha e peça dois pastéis pra Nona: um de carne e um de queijo.
Adoro pastéis.
O
pirralho foi e voltou de mãos abanando.
--
Cadê os pastéis? – quis saber o Nono, impaciente, lutando contra o tempo.
O
bisneto foi direto ao ponto:
--
A Nona me disse que os pastéis são para o seu velório.
(Atualizados em 31/05/19)
(Atualizados em 31/05/19)
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