tudo dito,
nada feito,
fito e deito
***
viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície
***
acordei e me olhei no espelho
ainda a tempo de ver
meu sonho virar pesadelo
***
ameixas
ame-as
ou
deixe-as
***
tudo dito,
nada
feito,
fito e
deito
***
viver
é super difícil
o
mais fundo
está
sempre na superfície
***
acordei
e me olhei no espelho
ainda
a tempo de ver
meu
sonho virar pesadelo
***
amar
é um elo
entre
o azul
e o
amarelo
***
a
estrela cadente
me
caiu ainda quente
na
palma da mão
***
nuvens
brancas
passam
em
brancas nuvens
***
A
vocês, eu deixo o sono.
O
sonho, não!
Este
eu mesmo carrego!
***
Abrindo
um antigo caderno
foi
que eu descobri:
Antigamente
eu era eterno.
***
Salve-se quem quiser,
perca-se quem puder!
perca-se quem puder!
***
vazio
agudo
ando
meio
cheio
de tudo
literatortura.com
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Paulo Leminski Filho (Curitiba PR 1944 - idem 1989). Poeta, romancista e tradutor. Aos 12 anos, ingressa no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e adquire conhecimentos de latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963, abandona a vocação religiosa. Viaja a Belo Horizonte para participar da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda e conhece Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, criadores do movimento Poesia Concreta.
No ano seguinte, publica seus primeiros poemas na revista Invenção, editada pelos concretistas, e torna-se professor de história e redação em cursos pré-vestibulares, experiência que motiva a criação de seu primeiro romance, Catatau (1976). Leminski também atua como diretor de criação e redator em agências de publicidade, o que contribui para sua atividade poética, sobretudo no aspecto da comunicação visual. Fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, Leminski pratica judô, escreve haicais e uma biografia de Matsuo Bashô. O interesse pelos mitos gregos, por sua vez, inspira a prosa poética Metaformose.
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