terça-feira, 13 de janeiro de 2015

CLÓVIS CAMPÊLO



CHEGA DE SAUDADES!

Mais um ano se inicia e mesmo sem querer levar em consideração a divisão artificial do tempo, obra fragmentária do ser humano racional, somos impulsionados e repensar projetos e questões pessoais, reconsiderar amizades e propostas de vida.

Todo redirecionamento implica em aproximações e afastamentos. Qualquer relação esmaece diante da constatação de que mudamos nós, ou os outros; diante da constatação de que diminuíram, ou mesmo cessaram os nossos pontos comuns, os pontos de interseção.

Se de início esse fato pode nos parecer assustador e isolante, vamos verificar a posteriori que no novo caminho nos aparecerão outras identidades e referências. O que de novidade irá se nos oferecer, vai depender da nossa capacidade de aceitação ou não.

Como diz o poeta, o novo sempre vem. E muitas vezes não nos sobrará nada, ou muito pouco, do que antes nos alimentava as ideias e relacionamentos.

Chega de saudades, portanto! Saudades do que já se foi e já se esgotou no desdobramento do tempo. Muitos se voltam para trás, receosos de seguir em frente. Tentarão reter as mudanças com a justificativa de que no passado havia mais ordem e progresso, ou talvez até mesmo por terem a ele (o passado) sobrevivido. Talvez tentem até interpretar o momento presente com as explicações emboloradas do passado, com teorias que, embora já tenham sido úteis antes, mostram-se um tanto quanto ineficazes hoje. Talvez, por não terem digerido o que se foi, tentem reviver o passado de forma inútil e dolorosa. Não adianta: o novo sempre vem!

Outros ainda, incapazes de se conterem no momento presente, tentarão antecipar o futuro, sem perceber que o futuro se constrói no presente e que não se antecipada de modo algum: tudo tem a sua hora e o seu tempo.

Enfim, viver hoje como se não houvesse amanhã, respeitando, porém, o que já se passou e contribuiu para a nossa formação, e respeitando e entendendo que o que haverá de vir será apenas a resultante do nosso somatório de forças no presente.

Todos são livres e responsáveis para construir o amanhã e construir a sua liberdade. Todos têm o direito à vida e à felicidade.


Recife, janeiro 2015

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