CHEGA DE SAUDADES!
Mais
um ano se inicia e mesmo sem querer levar em consideração a divisão artificial
do tempo, obra fragmentária do ser humano racional, somos impulsionados e
repensar projetos e questões pessoais, reconsiderar amizades e propostas de
vida.
Todo
redirecionamento implica em aproximações e afastamentos. Qualquer relação
esmaece diante da constatação de que mudamos nós, ou os outros; diante da
constatação de que diminuíram, ou mesmo cessaram os nossos pontos comuns, os
pontos de interseção.
Se
de início esse fato pode nos parecer assustador e isolante, vamos verificar a
posteriori que no novo caminho nos aparecerão outras identidades e referências.
O que de novidade irá se nos oferecer, vai depender da nossa capacidade de
aceitação ou não.
Como
diz o poeta, o novo sempre vem. E muitas vezes não nos sobrará nada, ou muito
pouco, do que antes nos alimentava as ideias e relacionamentos.
Chega
de saudades, portanto! Saudades do que já se foi e já se esgotou no
desdobramento do tempo. Muitos se voltam para trás, receosos de seguir em
frente. Tentarão reter as mudanças com a justificativa de que no passado havia
mais ordem e progresso, ou talvez até mesmo por terem a ele (o passado)
sobrevivido. Talvez tentem até interpretar o momento presente com as
explicações emboloradas do passado, com teorias que, embora já tenham sido
úteis antes, mostram-se um tanto quanto ineficazes hoje. Talvez, por não terem
digerido o que se foi, tentem reviver o passado de forma inútil e dolorosa. Não
adianta: o novo sempre vem!
Outros
ainda, incapazes de se conterem no momento presente, tentarão antecipar o
futuro, sem perceber que o futuro se constrói no presente e que não se
antecipada de modo algum: tudo tem a sua hora e o seu tempo.
Enfim,
viver hoje como se não houvesse amanhã, respeitando, porém, o que já se passou
e contribuiu para a nossa formação, e respeitando e entendendo que o que haverá
de vir será apenas a resultante do nosso somatório de forças no presente.
Todos
são livres e responsáveis para construir o amanhã e construir a sua liberdade.
Todos têm o direito à vida e à felicidade.
Recife,
janeiro 2015
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terça-feira, 13 de janeiro de 2015
CLÓVIS CAMPÊLO
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